
Há alguns anos essa bela iniciativa tomou forma quando as primeiras colmeias foram instaladas sobre os telhados da Opéra e do Grand Palais. O enorme sucesso conquistado pelo sabor e pureza do mel parisiense levou outras empresas a aderirem à ideia, como a Louis Vuitton, os charmosos hotéis Westin e Scribe, a rede de supermercados Monoprix e o estrelado restaurante La Tour d’Argent - só para citar alguns exemplos.
Por mais inusitada que possa parecer a imagem de apiários espalhados pela área urbana da cidade, o mel parisiense tem mostrado um grau de qualidade singular. Graças a fartura de flores que se fazem notar nas inúmeras floreiras que ornamentam as janelas e sacadas dos edifícios, na extensa área verde que cobre as diversas praças e parques públicos da cidade e da proximidade com bosques preservados, as abelhas contam com um verdadeiro banquete a sua disposição - e tudo sem o risco da temida contaminação por pesticidas. Soma-se a isso o fato da cidade ter baixo índice de poluição e das colmeias estarem situadas acima do nível das árvores, cujas copas se encarregam de filtrar o ar.
Janelas floridas: elemento marcante da vida cotidiana parisiense.
O Monorpix, por exemplo, instalou recentemente 18 colméias nos telhados das suas unidades localizadas na avenue des Ternes e em Porte de Châtillon. O mel é produzido de forma totalmente artesanal, sendo envasados manualmente e vendido em 7 supermercados da rede instalados na cidade (Ternes, Porte de Châtillon, Rue du Bac, Champs Elysées, Montparnasse, Saint-Michel e Opéra), garantindo a pureza do produto, o controle de procedência e a diminuição de gastos com transporte e demais despesas operacionais de distribuição.
Os hotéis Westin e Scribe além de venderem o mel e a geléia real produzidos sobre seus telhados, ainda têm parte de suas colheitas revertidas para o próprio serviço de hotelaria - como ingrediente usado nas cozinhas de seus restaurantes e na fabricação de cosméticos 100% naturais usados nas sessões de cuidados pessoais de seus spas.
O 'mel com griffe' produzido no Hotel Scribe de Paris
Já a Louis Vuitton, que cultiva mel em seu telhado desde 2009, não tem nenhum interesse em explorar comercialmente sua produção. O cobiçado mel La Belle Jardinière é oferecido como presente a amigos e clientes da marca como forma de sensibilizar colaboradores e parceiros sobre a importância da preservação da biodiversidade.
O mel sendo coletado na Opéra de Paris.
E se a grande quantidade de flores presentes na cidade tem ajudado as abelhas parisienses a produzirem o mel num volume muito acima da média, a variedade de flores por sua vez tem se encarregado de conferir sabores inusitados ao mel de Paris - as colmeias cultivadas no Tour d’Argent, por exemplo, costumam produzir mel com notas de lavanda e menta. Já as colmeias localizadas nas imediações da avenues des Champs-Elysées produzem mel cítrico.
Um anúncio do mel produzido e comercializado pelos supermercados Monoprix
Mas não podemos nos esquecer de que parte do sucesso dessa experiência se deve ao engajamento da prefeitura de Paris ao projeto. Através do acompanhamento efetivo, a prefeitura evita o risco de eventuais desequilíbrios ambientais. A prefeitura limitou em 700 o número máximo de colmeias na cidade, além de regulamentar a distância mínima a ser respeitada entre elas. Hoje existem aproximadamente 350 colmeias produzindo mel sobre os poéticos tetos de Paris.