30 de setembro de 2008

Paris sous la pluie

Paris sous la pluie é um belíssimo livro de fotos recém lançado em Paris, resultado do trabalho de livre diligência artística do excelente fotógrafo e cineasta Chistophe Jacrot.

Após receber uma encomenda urgente de imagens da cidade sob o sol para um guia turístico, o autor teve a idéia de fazer o oposto - retratar Paris sob a chuva. Explica-se: a irônica encomenda das fotos ‘ensolaradas’ fora feita num dia de extremo mau tempo.

Em favor do olhar do fotógrafo em Paris sous la pluie, descobrimos uma cidade mais humana e mais deslocada daquela imagem que está sempre resplandecendo nos cartões postais. Através de suas fotos - todas em cores e legendadas com palavras que refletem bem sua presença de espírito, Jacrot nos convida a ver este lado poético, agridoce, às vezes melancólico - mas, sobretudo, irônico - que envolve a passagem despercebida de figurantes anônimos.

Duas exposições das fotos de Christophe Jacrot estão marcadas para Paris nos próximos meses, anote na sua agenda:

Little Big Galerie
De 1 de outubro a 1 de novembro de 2008
45 rue Lepic
Tel.: 06 0866 2564
Metrô: Abbesse ou Blanche linha 2
Aberta de terça a domingo das 14h30 às 19h30

Galerie du Lucernaire
De 1 a 28 de dezembro de 2008
53 rue Notre Dame-des-Champs
Tel.: 01 4544 5734
Metrô: Notre Dame-des-Champs linha 12 ou Vavin linha 4
Aberta de segunda a sabado das 10h00 às 22h00. Domingos das 14h00 às 22h00.
http://www.lucernaire.fr/video/index.html

Para saber mais: http://christophe.jacrot.googlepages.com/

Paris sous la pluie
Christophe Jacrot
Editora Chêne
127 páginas (21cm x 26cm x 1,6cm)
Preço sugerido: 19,90€
Na Fnac: Paris sous la pluie

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Fotos: Christophe Jacrot, do blog oficial do autor (bien sûr).

Junku: livraria japonesa em Paris

A Junku é sem dúvida alguma a melhor e maior livraria japonesa em Paris. Além de uma infinidade de livros em japonês de todas as categorias, revistas de grande circulação como a Hiragana Times e um invejável acervo de mangas. Alguns CDs, DVDs e artigos de papelaria (tudo japonês, claro) também estão a venda na loja. Alguns livros de fotos impressionam até mesmo quem, assim como eu, não entende nada do idioma. A livraria ainda conta com alguns títulos em francês para quem quiser aprender um pouco mais sobre a cultura japonesa. Também vende pela Internet.

Junku
18 rue des Pyramides
Tel.: 01 4260 8912
Abre de segunda a sábado das 10h00 às 19h00
Metrô: Tuileries linha 1 ou Pyramides linha 14
http://www.junku.fr/

Église Saint-Roche

A santíssima trindade dos cafés parisienses

Que Paris é famosa também pelos seus cafés ninguém duvida. Mas se você quer saber quais são os três cafés mais tradicionais, clássicos e sofisticados da cidade, não há muito o que pensar. Três nomes apenas virão imediatamente à cabeça: Café Marly, Deux Magots e Café de Flore - nem sempre nessa ordem, uma vez que todos os três são igualmente respeitáveis. Segue abaixo um pouquinho de informação sobre o que chamo (muito respeitosamente, claro) de 'a santíssima trindade dos cafés parisienses'.

Le Café Marly

O Café Marly está estrategicamente localizado em um endereço exclusivíssimo: sob as árcades externas ao final da ala Richilieu do Museu do Louvre, bem em frente à Grande Pirâmide. O café é um verdadeiro clássico parisiense e oferece um dos ambientes mais encantadores da cidade para se tomar um café - seja em suas elegantes salas decoradas por Olivier Gagnère em estilo Napoleão III, ou no bonito terraço aberto próximo ao Carrossel. O lugar é très chic e muito bem freqüentado - suas mesas estão sempre ocupadas por gente bonita com ares de ‘privilegiados ao nascer’, que se entregam habitualmente ao prazer de degustar os pratos originais e criativos do Marly. Além da geração happy few, algumas celebridades também fazem das mesas do Café Marly um de seus pontos de encontro - como o astro da música pop francesa Christophe Willem e a atriz americana Sharon Stone, por exemplo. Mas não se intimide com isso não, Joãozinho! Você pode (e deve) tomar pelo menos um chazinho com torradas no Café Marly num final de tarde, sem medo de ser feliz. As mesas do salão interior têm vista para o jardim de esculturas do Louvre. Já as mesas que ficam no exterior, sob as árcades, oferecem um panorama parisiense inesquecível - você terá ao mesmo tempo a vista da Grande Pirâmide, do Museu do Louvre (claro), do arco do Carrossel, do Jardim de Tuileries e da Torre Eiffel. E se estiver bem acompanhado para apreciar o pôr do sol, tanto melhor.

Le Café Marly
93 rue de Rivoli - cour Napoléon
Aberto de segunda a domingo das 8h00 às 2h00.
Atendimento em francês, inglês ou espanhol.
Tel.: 08 2610 0913
Metrô: Palais Royal - Musée du Louvre linha 1

Les Deux Magots - Café Litteraire

O café literário Les Deux Magots é o mais célebre café do quartier Saint-Germain-des-Prés - bairro famoso desde sempre por ser o reduto parisiense dos artistas e escritores de vanguarda. Oscar Wilde, Pablo Picasso, Ernest Hemingway, Umberto Eco, François Truffault, Saint-Exupéry, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre são apenas alguns dos nomes de intelectuais célebres que se reuniam no local em meados do século passado. E é esse espírito de ‘café intelectual’ que a casa mantém ainda hoje. Com seus garçons trajando fraque, da mesma maneira como faziam antigamente nos cafés parisienses, a descrição filosófica do típico “garçom de café” que Sartre faz em L’entre et le néant, segue mais atual que nunca. As mesinhas localizadas no terraço e na área reservada da calçada são perfeitas para um drinque refrescante nas tardes de sábado ou mesmo para um simples expresso. O Deux Magots é um dos grandes ícones da art de vivre parisiense. Entre os habitués da casa, Alain Delon.

Les Deux Magots - Café Litteraire
6 place Saint-Germain-des-Prés
Tel.: 01 4548 5525
Metrô: Saint-Germain-des-Prés linha 4
http://www.lesdeuxmagots.fr/

Café de Flore

Situado a poucos metros do Deux Magots encontra-se outro café mítico: o Café de Flore. Fundado no começo da Terceira República, em 1885, deve seu nome a uma pequena escultura localizada do outro lado do boulevard. Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, Jacques Prévert e outros tantos intelectuais parisienses também tinham cadeira cativa no Café de Flore, o que rendeu a notoriedade de café filosófico ao estabelecimento. Até hoje nos meses de setembro é entregue o Prêmio Flore a um autor que tenha se destacado como nova promessa no cenário literário da cidade. Apesar de ter mais de 100 anos, a decoração do café respeita cuidadosamente o estilo art déco dos anos 30. Talvez seja neste café a melhor oportunidade para se provar um autêntico croque-monsieur - o daqui faz jus a tanto prestígio.

Café de Flore

172 boulevard Saint-Germain
Tel.: 01 4548 5526
Metrô: Saint-Germain-des-Prés linha 4

Curiosidade: Repare nos telefones do Deux Magots e do Café de Flore. São diferentes apenas pela diferença de 1 no ultimo dígito - isso é o que eu chamo de fair play.

29 de setembro de 2008

Edith Piaf

Reconhecida mundialmente, a parisiense Edith Piaf fez de seu nome um verdadeiro sinônimo de chanson française. Dona de uma voz inconfundível, ficou famosa pelo modo quase teatral de interpretar suas músicas, como a inesquecível La vie en rose, de sua própria autoria. Apesar de todo o glamour de seus tempos áureos, Piaf teve uma vida marcada por sofrimentos e tragédias.

Edith Giovanna Gassion nasceu no dia 19 de dezembro de 1915 em Paris, filha de um acrobata normando e de uma cantora de café. Sua infância foi pobre e difícil ao lado da avó, que dirigia um bordel em Bernay, na Normandia. Devido a problemas de saúde, Piaf ficou cega aos 3 anos de idade, recuperando a visão apenas anos mais tarde. Na adolescência, Piaf passou a acompanhar o pai em algumas apresentações circenses e já aos 15 anos cantava nas ruas de Paris, em praças e cafés. Nessa época, apaixonou-se por um soldado da legião estrangeira, com quem teve uma filha, Marcelle, que morreu antes de completar 2 anos de idade. Algum tempo mais tarde, depois de tentar inutilmente mostrar seu trabalho a algumas gravadoras e editoras, foi descoberta por Louis Leplée, dono de um cabaré famoso na época. Foi ele quem a iniciou na vida artística e a batizou Piaf. Na época, Maurice Chevalier se encantou com sua figura frágil e triste (fragilidade que lhe rendeu o apelido de la môme - menina).

A partir de então, com a ajuda do amigo, tornou-se a maior cantora francesa de todos os tempos. Em 1941 fez seu primeiro filme, Montmartre sur Seine, ao lado de Henri Vidal. Com o fim da Segunda Guerra, Piaf conheceu Yves Montand, com quem teve um breve romance. Juntos, no grupo Les Compagnons de la Chanson, seguiram excursionando pela Europa e EUA, sendo aclamados pela crítica e pelo público. A década seguinte foi complicada para Piaf. Em 1951, la môme sofreu um sério acidente automobilístico que deixou marcas em sua saúde. No mesmo ano ela se casou pela primeira vez, com o cantor Jacques Phill, que a trocou 4 anos mais tarde pela atriz Marlene Dietrich. Posteriormente, conheceu o pugilista Marcel Cerdan, tido como o seu grande amor, que morreu pouco depois em um acidente aéreo. Sua vida pessoal se tornou tão notória quanto suas canções. A bebida e os seus muitos romances contribuíram para aumentar o assédio por sua vida particular. Seus últimos 5 anos vida foram terríveis - os problemas de saúde aumentaram, obrigando-a a ser internada e operada várias vezes. Em outubro de 1962, ela casou-se com o cantor grego Theo Sarapos, 23 anos mais jovem. O relacionamento durou um ano, até a morte de Piaf no dia 11 de outubro de 1963, aos 47 anos.

No ano passado estive diante da casa onde nasceu Edith Piaf. Na verdade, ela nasceu na fria calçada de pleno inverno, sob o poste de iluminação pública defronte a casa de número 72 da rue de Belleville. Mas vi que infelizmente a Belleville da época de Piaf há muito se perdeu. Hoje o bairro abriga o maior número de imigrantes chinêses radicados em Paris, e a rue de Belleville está completamente descaracterizada - nela, uma infinidade de estabelecimentos comerciais com letreiros escritos em alfabeto chinês tomou conta do lugar, me trazendo um sentimento confuso. Um tanto dolorido até. Difícil de explicar. Mas a placa que ostenta o que restou da casa triste de número 72, não deixa espaço para dúvida: Ainda estamos sob o céu da minha amada Paris.

Sous le ciel de Paris s'envole une chanson, hum hum... Elle est née d'aujourd'hui dans le coeur d'un garçon...


No video, imagens de Edith Piaf em 1959 interpretando Mon manège à moi (tu me fais tourner la tête).

Les Catacombes de Paris

Confesso que esse não é o meu tipo preferido de promenade, mas não dava para deixar de fora um dos passeios mais curiosos da cidade: uma visita à cidade subterrânea - as catacumbas de Paris.

Formadas por um complexo de túneis subterrâneos de aproximadamente 300km de extensão, as catacumbas estão localizadas a 30 metros abaixo da superfície da capital francesa. O ossuário, que ocupa apenas parte dos túneis, começou a ser organizado em 1785 e foi aberto ao público como atração turística no início do século XIX. Calcula-se que o local contenha os despojos de 5 a 6 milhões de pessoas.

Algumas ruas subterrâneas correspondem em exatidão o traçado das ruas a céu aberto, e nesses casos existem placas indicando sob qual rua da cidade você está. Algumas placas esculpidas em pedra estão posicionadas em todo o percurso para dar um clima de suspense ao passeio. Portanto, quem não sabe francês pode se considerar em vantagem neste caso. Em cada ala das catacumbas existem placas explicativas, descrevendo o que aconteceu àquelas pessoas e de onde vieram as ossadas. Um dado curioso: os únicos corpos que foram sepultados diretamente nas Catacumbas foram os dos mortos nos combates da Revolução Francesa dos dias 28 e 29 de agosto de 1788 na praça do Hôtel de Ville, de 28 de abril de 1789 na Manufacture de Réveillon e do dia 10 de agosto de 1792 em Tuileries.

A visita não é recomendada aos que possam se impressionar, nem para quem sofre de claustrofobia ou rinite - o local é úmido, escuro e muito empoeirado. Além disso, reserve um fôlego para subir a escadaria na volta. E uma vez lá embaixo, cuidado com a cabeça, Joãozinho! O pé direito em alguns pontos é bastante baixo e sua altura pode variar. Apesar de ser um passeio um tanto mórbido, apenas no ano passado as catacumbas receberam mais de 253.000 visitantes. Este ano foi reaberta para visitação a galeria Port-Mahon das catacumbas, que estava fechada ao público desde 1995.

Catacombes de Paris
1 avenue du Colonel Henri Rol-Tanguy
Tel.: 01 4322 4763
Metrô: Denfert-Rochereau linha 4 ou 6
Abre de terça a domingo das 10h00 às 17h00

Jardin de Tuileries e Musée du Louvre

Guia Viver Paris! de alimentação básica

Tão importante quanto conhecer endereços originais e passeios descolados em Paris é não se esquecer do básico. Assim, este post apresenta um pequeno roteiro com restaurantes simples e bem bacaninhas para você fazer as suas refeições do dia a dia. São restaurantes que você vai encontrar facilmente durante seus passeios pela cidade e mesmo perto do hotel onde estiver hospedado. Lugares onde você pode fazer uma boa refeição sem gastar muito. Claro, nem só de endereços incomuns vive o viajante costumaz. Sempre é bom ter umas cartas na manga - sobretudo 'coringas' da restauration perisienne como os que vêm a seguir.

Cozinha francesa

Se você quer provar a culinária francesa sem gastar muito e sem o risco de se deparar com pratos muito inventivos, recomendo o Chez Clement. O restaurante tem um bom atendimento, ambiente agradável e decoração simpática - as panelinhas de cobre espalhadas pelas paredes são típicas da casa. Experimente o vin de cerise - o vinho de cerejas que é o aperitivo típico do restaurante. Na entrada, emincé de tomates, salade mêlée et parmesan a 5,80€. No menu principal, boas opções de carnes, aves, peixes e frutos do mar. Destaque para a assiette du rôtisseur express (frango assado com ervas, carne assada, lingüiça de pato e purê de batatas à manteiga a 14,90€. O Chez Clement também é um bom lugar para se experimentar as famosas ostras da Bretanha sem pagar uma fortuna - o preço da porção com 6 varia de acordo com o tamanho das ostras (9,60€ a porção de tamanho 4). Os profiteroles são as vedetes da carta de sobremesas. Serve vinhos em taças e tem menus completos na hora do almoço. Para os menores de 12 anos, um menu exclusivo com prato, sobremesa e bebida por 8,50€ - atualmente a unidade Bastille está com uma promoção interessante: Ao pedir uma refeição de adulto, o menu infantil é oferecido gratuitamente.

Chez Clement Bastille
21 boulevard Beaumarchais (e mais 13 endereços em Paris)
Aberto diariamente, serviço ininterrupto.
Tel.: 01 4029 1700
Metrô: Bastille linhas 1, 5 e 8
Ônibus: Parada Bastille linhas 20, 29, 65 e 87
http://www.chezclement.com/

Cozinha italiana

Para quem gosta de massas a grande pedida é o Bistro Romain. A proposta da casa é oferecer pratos da culinária romana em ambiente de bistrô. Atendimento e ambiente na mesma linha do Chez Clement. Destaque para o delicioso gnocchi ao pesto. E não estranhe se ao pedi-lo receber um prato de gnocchi ao molho de tomates - o garçom não errou o pedido. É que nesse prato do Bistro Romain o pesto esta dentro da massa. A experimentar, absolutamente. Também serve vinhos em taça e tem menu especifico para crianças.

Bistro Romain Cadires
122 avenue des Champs Elysées (e mais 16 endereços em Paris)
Aberto diariamente, serviço ininterrupto.
Tel.: 01 4359 9331
Metrô: George V linha 1
http://www.bistroromain.fr/

Pizza

A Pizza Marzano é uma rede internacional de pizzarias que conta atualmente com 2 unidades em Paris - destaque para a unidade Saint-Michel, que é toda envidraçada e oferece uma excelente vista da Notre-Dame. As pizzas individuais (do tamanho de um prato grande) têm massa fina e crocante, e você pode escolher entre pizzas com molho a base de tomate ou de creme fresco. Além das pizzas, a Marzano conta ainda com boas opções de entradas, como suas deliciosas bruschettas e saladas. Recentemente o restaurante incorporou também algumas massas e o calzone napolitano ao cardápio.

Pizza Marzano
Dois endereços em Paris:
2 place Saint-Michel (Metrô: Saint-Michel linha 4) e 30 boulevard des Italiens (Metrô: Chaussee d'Antin / La Fayette linha 9)
http://www.pizzamarzano.com/

Frutos do mar

Se der aquela vontade irresístivel de se esbaldar numa panela de mariscos, a grande sacada são os restaurantes da rede belga Léon de Bruxelles. Frutos do mar sempre fresquinhos e bem preparados com sete opções de receitas de mariscos servidos no caldeirão, além dos frutos do mar sortidos preparados na paella e duas opções de mariscos gratinados. Para escolta o seu prato, uma bela caneca de cerveja belga cumpre bem o papel. O Léon de Bruxelles costuma fazer promoções interessantes, normalmente concedendo redução de 10,00€ nos pratos para duas pessoas - você mesmo imprime seus cupons de desconto através do site.

Léon de Bruxelles
65 avenue des Champs Elysées (e mais 9 endereços em Paris)
Aberto de segunda a quinta e aos domingos e feriados das 11h45 às 00h00, sextas e sábados até a 01h00.
Tel.: 01 4225 9616
Metrô: George V linha 1
http://www.leon-de-bruxelles.fr/

Sandwiches na baguette


Se a idéias for uma refeição rápida, recomendo os saborosos sandwiches na baguette de duas redes igualmente - e realmente - boas: a Pomme de Pain e a Brioche Dorée. Além dos sandwiches, deliciosas tortinhas doces, folhados e mini-quiches. A Brioche Dorée ainda serve pizzas em pedaços e, claro, os brioches. Não deixe de experimentar os folhados de frutas, as Fruiandises. Os menus com sandwiche, tortinha doce e bebida em lata são uma ótima opção para quem quer fazer uma refeição rápida à sombra de uma árvore acolhedora escolhida à dedo.

Pomme de Pain Champs Elysées
50 avenue des Champs Elysées (e mais vários outros endereços em Paris)
Aberto todos os dias 24 horas.
Tel.: 01 4495 7114
Metrô: Franklin Roosevelt linha 1
http://www.pommedepain.fr/

Brioche Dorée
66 rue du Rivoli (e mais uma infinidade de endereços em Paris)
Tel.: 01 4804 5921
Metrô: Palais-Royal / Musée du Louvre linha 1
http://www.briochedoree.fr/

Hamburger / Fast food

Bateu aquela vontade de mandar tudo às favas e se acabar num menu grande de hamburguer, batata frita e Coca-Cola? Tudo bem... De vez enquanto a gente não apenas perdoa como entende e dá a maior força. Ao invés de entrar no primeiro McDonald’s que aparecer, experiemente a rede francesa Quick. É praticamente a mesma coisa que o McDo, mas com a vantagem de levar na montagem de seus lanches alguns queijos franceses como o Emmental e o Gruyére. Além disso, no Quick tem nuggets de peixe e queijo empanado. Ao pedir batata frita, prove a Rustique - Oh-là-là... Tá legal, não é nada saudável. Mas cometer um excesso desses de vez em quando não é nenhum pecado, certo?

Quick
63 boulevard Saint-Michel (e mais uma infinidade de endereços em Paris)
Tel.: 01 4326 3772
Metrô: Cluny - La Sorbonne linha 10
http://www.quick.fr/

Grelhados

Para quem não dispensa um grelhado, uma boa opção são os restaurantes Hippopotamus. O Hippo leva a sério a escolha do cliente em relação ao ponto da carne. Existe até um diagrama colorido no cardápio para que você possa escolher o ponto exato do seu grelhado - nem todo turista aprecia a carne mal passada da maneira como ela normalmente é consumida por aqui. O Hippo tem um ambiente descontraído, cozinha correta e bons preços. O menu também oferece opções interessantes para quem quer apenas petiscar enquanto bebe uma cervejinha com os amigos. Algumas unidades servem até uma sangria à moda espanhola bem caprichada, como a que fica proxima da Pont de Neully, por exemplo. Os restaurantes Hippopotamus também têm menu exclusivo para as crianças.

Hippopotamus
68 boulevard du Montparnasse (e mais vários outros endereços em Paris)
Tel.: 01 4064 1497
Metrô: Montparnasse Bienvenue linhas 4, 6, 12 e 13
http://www.hippopotamus.fr/

E ainda cabe aqui uma dica do Viver Paris! Consultar os sites desses restaurantes pode valer a pena. Alguns deles como o Chez Clement, o Léon de Bruxelles e o Hippopotamus costumam colocar na rede algumas promoções interessantes para o internauta.

27 de setembro de 2008

Versailles: Le bassin d'Encelade

Rádio podcast

Estimados, gostaria de lembrá-los que os links disponíveis no blog para as rádios de Brasil e França não são para o acesso aos seus sites, mas sim uma forma de conexão direta aos podcasts de cada uma dessas rádios.

Achei interessante incluir os podcasts no blog porque pensei que entre vocês deve haver pessoas como o Serginho lá de Belo Horizonte, que gosta de ouvir musica francesa enquanto navega no blog; o Zé Roberto, que se mudou já faz um tempo de São Paulo para Paris e sente aquela saudade de ouvir as noticias da Jovem Pan e a MPB da Nova Brasil; a Mônica lá de Cascavel, que estuda francês e quer praticar o idioma ouvindo as noticias nas rádios daqui; o Benoît que mora em Lyon e gosta de ouvir musica brasileira; a Anne Sophie aqui de Paris, que estuda português e quer praticar o idioma ouvindo as rádios do Brasil; o Alessandro do Rio de Janeiro, que hoje mora em Washington, mas gosta de matar a saudade do Brasil ouvindo a CBN enquanto planeja sua primeira viagem à Paris; o João Ricardo de Lisboa, que gosta de coletar informações para suas férias parisienses ouvindo música francesa...

Enfim, independente de qual seja o seu caso, seus interesses ou motivações, espero que os links aos podcasts das rádios sejam ferramentas úteis de entretenimento, informação e enriquecimento cultural para todos os leitores do Viver Paris!

Para que vocês saibam o que encontrar em cada uma dessas rádios, montei um pequeno guia de referência rápida:

Rádios brasileiras

- CBN AM: Notícia e informação
- Eldorado FM: Notícias, variedades e musica contemporânea
- Energia 97 FM: Variedades, esporte e música eletrônica
- Jovem Pan AM: Notícia e informação
- Kiss FM: Clássicos do rock
- Nova Brasil FM: Música popular brasileira
- Transamérica FM: Programação jovem, música pop e variedades

Rádios francesas

- Chante France FM: Chanson française (música tradicional francesa)
- Europe 1 FM: Atualidades, informação e esporte
- France Bleu FM: Atualidade, informação e chanson française
- France Culture FM: Atualidade e informações culturais
- France Inter FM: Notícia, jazz, informação e esporte
- NRJ FM: Música pop internacional e varieté française (pop francês)
- RTL2 FM: Pop-rock
- Virgin FM: Música pop e varieté française

Aproveito também para agradecer a vocês pela divulgação pessoal que estão fazendo do Viver Paris! Saibam que essa colaboração tem sido muito importante para o crescimento e enriquecimento do blog. Além disso, suas criticas e sugestões serão sempre muito bem vindas.

Um forte abraço e um ótimo final de semana a todos vocês.

26 de setembro de 2008

Angelina: Chocolate quente

Localizado bem sob as arcades da rue du Rivoli (uma das calçadas mais lembradas pelos turistas que não perdem uma lojinha de souvenir por nada no mundo), o salão de chá Angelina é um endereço de fetiche para quem quer provar o melhor chocolate quente de Paris - o famoso Africain, servido com chantilly a parte.

Não sou muito de classificar as coisas em "o melhor disso, o melhor daquilo ou o melhor de Paris" - para mim, o melhor da vida é sempre uma questão subjetiva: o melhor de cada coisa ou de cada lugar será sempre o que você gostar mais. Mas nesse caso sou obrigado a concordar com meus amigos parisienses: Em matéria de chocolate quente vai ser difícil você encontrar outro mais saboroso na cidade.

Para acompanhar seu chocolat chaud, o jovem chef Sébastien Bauer coloca a sua disposição especialidades de pâtisserie e viennoiserie que são de dar água na boca. Mesmo o bom e básico brioche da casa é uma excelente companhia para o seu Africain - a experimentar, absolutamente!

Fundada em 1903, Angelina é um dos salões de chá mais tradicionais de Paris e teve Coco Chanel como sua habituée mais ilustre. E não se assuste com o tamanho da fila de espera por uma mesa - que pode chegar facilmente até a calçada. O salão é imenso, e o entra e sai constante faz com que a fila ande bem depressa. As mesas de madeira e mármore, as cadeiras revestidas em couro e a decoração no melhor estilo Belle Époque fazem com que você se sinta dentro de um cartão postal do início do século.

Outra especialidade da casa é o Mont-Blanc, um doce gigante feito com massa de castanhas recheada de suspiro e chantilly - dá só um look nas feições da criança.


Ah e por favor, não cometa o sacrilégio de deixar o chantilly do seu chocolate quente abandonado na mesa. Depois você acerta as contas com a balança enquanto queima as calorias ingeridas num passeio pelo Jardin de Tuileries, bem em frente.

Angelina
Tel.: 01 4260 8200
Metrô: Tuileries linha 1

Pont de Neully

Rue Mouffetard

Que tal uma pequena visita à famosa rue Mouffetard, uma das mais antigas e encantadoras ruas de Paris? Seu ambiente com jeitão de cidade interiorana, seu mercado e seu passado de artes faz deste um lugar emblemático na margem esquerda, onde se cruzam estudantes, residentes e turistas em busca de autenticidade.

O bairro Mouffetard-Contrescarpe goza de uma situação privilegiada: é localizado a dois passos do Panthéon, o imponente monumento guardião da memória francesa, onde descansam algumas das grandes personalidades que escreveram seus nomes nas paginas da historia, como Voltaire, Malraux e Rousseau. Alguns metros mais adiante estão as arenas de Lutécia. Construídas no século I, constituem um dos últimos vestígios da Roma Antiga ainda visíveis em Paris. E ali ao lado fica o Quartier Latin, lugar de estudos por excelência, marcado pela evolução da historia política, social e literária parisiense.


Com sua longa e suave inclinação que se estende pelos seus 650 metros (dos quais metade é reservada para pedestres), a rue Mouffetard (também chamada de “la Mouffe” – algo cada vez mais raro de se ouvir) começa na place de la Contrescarpe e termina perto da igreja de Saint-Médard, não distante da estação do metrô les Gobelins. Oferece ao olhar atendo dos visitantes a agradável visão de suas bonitas casas antigas, dos bistrôs convidativos, dos restaurantes de pratos generosos, do mercado muito conhecido pelos sabores da terra-mãe, do cinema de arte e de ensaio, da grande biblioteca de quatro andares, do boliche, dos terraços de café a perder de vista… É sem dúvida alguma a rua mais animada de um bairro conhecido por sua tranqüilidade.

Na place de la Contrescarpe, criada em 1852, a atmosfera é inimitável. À noite as luzes cintilam, os turistas misturam-se aos habitantes e os vendedores de crepe fazem fortuna enquanto os músicos de rua nos presenteiam com um ambiente festivo e descontraido. Então sim, constatamos que o bairro tornou-se ligeiramente boêmio - mas isso já não nos diz muita coisa hoje em dia. O que sei de fato é que ali é um ótimo lugar para se exercer aquilo o que chamo de “boa vida”. Seja simplesmente para passear ou mesmo para instalar-se por lá por um período indeterminado (por que não?).

Já havia vestígios da rue Mouffetard desde a Roma Antiga, no século I. Não levava ainda esse nome, mas já era bastante freqüentada, pois ligava Lutécia à atual Ivry - fora batizada de Mont-Cétard, em algum momento do século XVII. E até hoje ocorrem divergências sobre a origem do nome atual. Alguns dizem que é apenas uma mutação temporal de Mont-Cétard para Mouffetard que deu nome à rua, outros falam que seu nome vem em referência ao cheiro que vinha dos curtumes às margens do rio Castor (o qual era chamado de “moffette”). Hoje esquecido, o Castor era um rio de 40 quilômetros que nascia no Yvelines e se lançava no Sena dentro de Paris. Atravessava a rue Mouffetard próximo à igreja de Saint-Médard, antes de ser preenchido com concreto em 1850. Em 1868, o barão Haussmann empreende seus importantes trabalhos: a rue Mouffetard que se prolongava até a place d’Italie é encurtada pela metade - a outra parte se torna a avenue de Gobelins. E desde então está da maneira como a conhecemos.

Durante suas estadas parisienses, o escritor Ernest Hemingway muda muito freqüentemente e aluga um quarto na rue de Descartes, um prolongamento da rue Mouffetard. A rua sai diretamente na place de la Contrescarpe, o número é o 39. Pouco antes da sua morte, Hemingway tinha lançado as bases do seu livro Paris é uma festa, que foi sua primeira obra publicada de maneira póstuma. Uma placa foi afixada à parede: “De janeiro de 1922 a agosto de 1923 viveu no terceiro andar deste edifício, com Hadley sua esposa, o escritor americano. O bairro que tanto gostava foi o verdadeiro lugar de nascimento da sua obra e do estilo narrativo que o caracterizava.” Seguida da citação: “Tal era a Paris da nossa juventude, do tempo onde estávamos muito pobres e muito felizes.”

Dizem que o fantasma benevolente de Hemingway sempre passeia pela place de la Contrescarpe, e que visivelmente ele não está só: podemos ver Rabelais, Descartes, Diderot, Verlaine ou mesmo Piaf. Todos habitantes ou freqüentadores assíduos do bairro que tanto apreciavam pela sua autenticidade e o seu encanto tipicamente parisiense. Felizes para sempre.

Metrô: Place Monge ou Cencier Daubenton linha 7

No inicio do post, a famosa foto de Henri Cartier-Bresson: Rue Mouffetard 1954, Paris.

25 de setembro de 2008

Yeux ouverts

A banda é escocesa, a musica é cantada em inglês, mas a cidade que aparece no video é Paris. Acabo de ver um clip que ha algum tempo guardo nos meus arquivos. Nele, alguém percorre de carro as ruas de Paris durante a madrugada para se encontrar com a namorada e ver o sol nascendo das escadarias da Sacré-Coeur. Ja fiz boa parte desse caminho anos atras, também para ver o nascer do sol desse mesmo lugar. O dia ainda não havia acordado e eu estava a pé - massageando a cidade nas costas enquanto caminhava.

Se você reparar no caminhão de lixo que vira uma esquina quase no final do video, saiba que eu ja morei exatamente ali - na avenue Rachel. Uma bonita rua arborizada que termina bem nos portões do cemitério de Montmartre. Ela é curtinha e sem saida - até hoje não sei por que a chamam de avenida.

Esse video mostra a cidade por uma perspectiva bem interessante, dando a impressão de que também estamos dentro do carro. O belissimo video é o clip da musica Open your eyes da banda escocesa Snow Patrol, e é um dos meus 'matadores de saudade' quando estou longe de Paris. Um abraço e à demain.

Cidade-luz

Moleskine

Escritor e viajante, o inglês Bruce Chatwin (1940-1989) correu o mundo entrevistando personalidades, acompanhando de perto fatos historicos e colecionando historias que mais tarde se tornariam livros.

Para registrar sua vida cheia de experiências, Chatwin usava um caderno de anotações bastante peculiar - o Moleskine. Pratico, pequeno e resistente, o caderninho ja era um classico quando Chatwin caiu de amores por ele. Diz a lenda que Picasso, Matisse e Hemingway também carregavam seus Moleskine, onde esboçaram possivelmente a evolução de suas obras - mas de fato seus cadernos nunca foram encontrados. Van Gogh porém, teve seus Moleskines expostos em Amsterdam em 2002. Chatwin comprava seus Moleskines em uma pequena papelaria parisiense que acabou fechando quando seu dono morreu em 1986.

O lendario e charmoso caderno so foi resgatado com a chegada da marca italiana Modo & Modo. Em épocas de privacidade escancarada pela Internet, o Moleskine reaparece como uma brisa de romantismo e discrição. Nele seguimos anotando nossas impressões pessoais sobre viagens, arriscamos as primeiras linhas daquele livro que sonhamos escrever ou capturamos as imagens da realidade através de desenhos.

O Moleskine é aquele tipo de objeto que gera um certo tipo de culto entre seus apreciadores. Existem hoje até sites de internet dedicados à paixão pelo Moleskine, como o Wandering Moleskine Project. Dentre as personalidades contemporâneas que não desgrudam de um Moleskine, destaca-se Neil Gaiman, desenhista e escritor criador de Sandman.

A Modo & Modo vende os Moleskines em tiversos tipos. Além do tradicional de bolso (90x140mm) e o maior (130x210mm), existem cadernos especificos para jornalistas, musicos, desenhistas... Além de folhas em diversos padrões, como lisos, pautados, quadriculados, com folhas especiais para aquarela... Eu ja tenho varios (bien sur), e o mais usado no momento é um pequeno caderno de anotações de viagem dedicado a cidade de Paris. Nele, mapas das ruas da cidade, mapas dos transportes publicos, paginas categorizadas por assunto, bolso porta cartões e folhas transparentes para o traçado de roteiros - um verdadeiro primor. Também existe esse mesmo tipo de Moleskine para outras grandes capitais do mundo, como Roma, Londres e Berlin.

Sei que em São Paulo existe uma livraria chiquetosa em Pinheiros que vende os modelos mais tradicionais do Moleskine por aproximadamente 100,00R$ - Oh-là-là, pra quê tudo isso minha gente? Hoje em Paris você pode encontra-los em praticamente todas as papelarias, mesmo nas menores e mais simples instaladas nos bairros, ao preço médio de 6,00€. Os cadernos de viagens city note book são um pouco mais caros, 15,50€.

Para saber mais: http://www.moleskine.com/

Na Fnac (normalmente com 5% de desconto): Moleskine CNB

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24 de setembro de 2008

Indochine

A banda de rock francesa Indochine ja tem muitos anos de estrada. Formada em 1981 o grupo conseguiu o reconhecimento do publico la pela metade da década de 80, não apenas na França como em toda a Europa. Titulos como L'aventurier e Canary Bay tornaram-se grandes hits na época.

Após uma passagem meio apagada pelos anos 90, o grupo retomou o caminho do sucesso em 2002 com o lançamento do album Paradize - que teve mais de 1.200.000 discos vendidos. Apesar de Alice et June, o ultimo album da banda, ter sido lançado em 2005, a tourné Alice et June Tour explodiu mesmo por aqui em 2007 e foi celebrada com o relançamento do album em um box super bacana que acompanha o DVD do show. Alguns ingressos para os shows dessa tourné foram colocados como brinde surpresa nesses box - uma bela sacada promocional que agradou os fãs. Tanta evidência fez com que Alice et June ganhasse na edição de 2007 do Les Victoires de la Musique o prêmio de album de pop/rock do ano.

Os mais jovens não gostam muito, é bem verdade. O grupo Indochine é de certa forma rotulado como "rock para trintões". Como entrei na casa dos 30 ja faz algum tempo, posso me dar ao luxo de dizer sem receio que gosto demais do som desses caras.

Discografia: L'Aventurier (1982); Le Péril Jaune (1983); 3 (1985); 7000 Danses (1987); Le Baiser (1990); Un Jour Dans Notre Vie (1993); Wax (1996); Dancetaria (1999); Paradize (2002); Alice et June (2005).

Postei abaixo o clipe de Alice et June, faixa titulo do ultimo album:

Para saber mais: http://www.indo.fr/
Para ouvir no Deezer: http://www.deezer.com/#music/artist/47
Para comprar Alice et June na Fnac: Alice & June

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Le Petit Journal Saint-Michel

A primeira vez em que entrei no lendario Le Petit Journal de Saint-Michel foi ha 5 anos. Comemorava meu primeiro aniversario longe de rostos conhecidos. Foi quando então decidi me presentear com uma bela noitada de jam session. Durante a tarde, no final do expediente, procurei o endereço nas paginas amarelas, anotei tudo num papelzinho e corri para o Quartier Latin com a adrenalina saindo pelos poros.

Quando cheguei no lugar pensei ter errado o endereço. Deparei-me com um pequeno bar estreito e vazio. Nele, apenas um maciço balcão de madeira escura guarnecido por um bartender mais maciço ainda, que me olhou de canto de olho enquanto enxugava um copo com o vigor de quem combatia o exército inimigo. Perguntei, meio encabulado e com meu francês sofrivel da época, se estava no lugar certo - a essa altura eu ja estava com o tal papelzinho à mão, no qual escrevi: Concert tous les soirs a partir de 21h15. Caramba! Ja eram 21h30 e o lugar ainda estava vazio! E aquela noite não era uma soir qualquer...

O grandalhão então saiu detras do balcão, me perguntando - em inglês - se eu tinha vindo para o concerto. Abri um sorriso e fiz que sim com a cabeça enquanto o Yes! me saia por entre os dentes. Em resposta ouvi apenas -C'mon boy, enquanto fui conduzido para uma pequena escada num canto do bar, como se estivesse indo em direção ao porão - e estava. O espirito do jazz habita naquela cave.

A cave do Le Petit Journal tem pé direito baixo, paredes rusticas e uma acustica inacreditavel. Os musicos não se apresentam num palco, mas no mesmo nivel do salão com mesas dispostas ao redor. Para quem quer um cantinho um pouco mais reservado, existem algumas mesas no fundo da cave dispostas como se fossem carteiras escolares.

Soube depois que o Le Petit Journal tem outro endereço em Montparnasse - com um salão amplo, palco bem montado, decoração caprichada e um ambiente legal para comportar grandes grupos. Assim, acho que fiz meu debut no jazz parisiense no endereço certo. Portanto, se você busca boa musica num ambiente bonito e confortavel, seu lugar é no Le Petit Journal Montparnasse. Mas se como eu, prefere um ambiente mais rustico e improvisado como nos antigos clubes de jazz, a cave de Saint-Michel é incomparavel.

Localizado pertinho do Jardin du Luxembourg, o Le Petit Journal Saint-Michel foi fundado em 1971, e rapidamente tornou-se uma das grandes referência parisienses do jazz tradicional de New Orleans, graças aos convidados de peso que tocam ali. Alguns musicos famosos apresentam-se ali com regularidade, como Claude Bolling, Christian Morin, Maxim Saury, Marcel Zanini e Claude Tissendier. A cave tem capacidade para apenas 80 pessoas e nos remete à Saint-Germain des Prés dos anos 50.

No cardapio, pratos da tradicional culinaria francesa e uma excelente carta de aperitivos. O atendimento é bem bacana e caloroso. Confesso que acho o preço do menu um pouco salgado. Mas vale a penas ir para la apos o jantar e bebericar uma biritinha enquanto ouve musica da melhor qualidade.

Le Petit Journal Saint-Michel
71 boulevard Saint-Michel
Tel.: 01 4326 2859
Metrô: Cluny-La Sorbonne linha 10
RER: Luxembourg linha B
Ônibus: Luxembourg linhas 21, 27, 38, 82, 84 e 85
http://www.petitjournalsaintmichel.com/

A cidade pelos olhos da gargula

23 de setembro de 2008

La Rosace-Nord

A catedral de Notre-Dame é um dos monumentos mais sublimes e suntuosos de Paris - indiscutivelmente. Basta dizer seu nome que automaticamente pensamos na cidade mais encantadora do mundo. Mas para mim, a rosácea-norte da catedral é um monumento a parte.

Há quem goste da lateral sul. Assim como existem os que preferem os imponentes arcobotantes a leste. A maioria gosta mesmo é da face oeste - a entrada da catedral. Eu, contrariando todas as expectativas, sou apaixonado pela face norte da Notre-Dame. Assim sendo, dedico este post à miseravelmente linda lateral norte e sua magnífica rosácea - o vitral mais espetacular já construído, na humilde opinião deste Joãozinho que vos escreve.

A face norte da Notre-Dame é formada por 3 níveis: o primeiro com uma porta, sobreposta por uma parede sem ornamentos. Na porta norte a Virgem há tempos perdeu seu bebê - e os parisienses acreditam que foi a esposa de Saint Louis, Marguerite de Provence, quem serviu de modelo para que o artista retratasse a Virgem. Em seu entorno, as cenas da infância de Cristo. Logo acima, o milagre de Teófilo.

O segundo nível é constituído por uma clarabóia guardada por 9 arcos. Enfim, um terceiro estágio formado pela rosácea (ma chérie rosace-nord). Localizada exatamente em oposição à rosácea-sul, a rosácea-norte conserva praticamente intactos todos os seus vitrais originais, feitos no século XIII. O centro do vitral é ocupado pela Virgem Maria, que tem ao seu redor os juízes, reis, grandes sacerdotes e profetas do Antigo Testamento.

Para quem vê de fora, a rosácea-norte parece um pouco apagada e difícil de ser observada em toda a sua magnitude, pois fica muito no alto para quem passa pela estreita rue du Cloître Notre-Dame. Mas quando se está dentro da catedral, ela é simplesmente enfartante. Basta que o sol passe através dela para que seus vitrais irrompam pela nave transversal com um espetáculo de luzes multicoloridas. A maioria das pessoas acha a face norte da catedral a mais sem graça de todas. Escura. Apagada. Alguns a acham até mesmo ameaçadora. Dizem por aqui que a lateral norte faz com que as pessoas se lembrem de que a catedral é feita de fria pedra e que tem dezenas de gárgulas e quimeras horrendas olhando para nós sem descanso. Pobrezinhos...

A torre norte é sim inquietante... Mesmo sendo mil vezes fotografada ela não se deixa domesticar. Sua encantadora selvageria ganha os céus de Paris nos afrontando em insolente esplendor. Aqui deste lado da Notre-Dame a pedra é mais cinzenta, mais intrigante - tem mais alma. E mesmo o sol não a torna mais acolhedora. Mas quanta beleza há por detrás desse semblante de solido enfrentamento...

Acho até que quando passo por ali, Quasimodo fica tentado a me saudar com um breve aceno. Mas antes que isso ocorra, escala apressado as paredes da catedral para ver o sol se pôr, sublime, onde o rio Sena faz a curva. E fico então só, agarrado ao gradil enquanto procuro inutilmente uma posição confortável na estreita mureta do calçamento, a contemplar sorridente a majestosa rosácea-norte enquanto a cidade ensaia seu anoitecer.


Fotos: Gerard Therin (
http://www.naturepixel.com/) e site oficial da catedral Notre-Dame de Paris.

l'Atelier-des-sens

Um ateliê de cozinha para ensinar pais de primeira viagem a fazer papinhas e comidinhas para bebês é a idéia original do l'Atelier-des-sens (Ateliê dos sentidos). Neste templo das panelas, jovens pais e até mesmo avos põem a mão na massa na doce tarefa de aprender a fazer os potinhos mais gostosos e saudaveis para os pequeninos. Todas as receitas são a base de ingredientes naturais e levam em conta as necessidades nutricionais dos bebês de 6 a 24 meses.

Além de ensinar as receitas, a equipe do ateliê ensina todas as grandes sacadas para manter a cozinha sempre bem organizada nessa fase especial da vida familiar, com astuces de como otimizar a disposição de ingredientes e utensilios, como ganhar tempo no preparo e aumentar a longevidade dos alimentos, entre outras dicas uteis. O ateliê usa em seus pratos uma combinação bem pensada de ingredientes e sabores naturais para que as crianças tomem verdadeiro gosto pela alimentação saudavel nas fases posteriores da infância.

Mas nem so de comidinhas para bebês vive esse espaço gastronômico. l'Atelier-des-sens oferece outros tipos de cursos regulares de culinaria e ainda cursos sazonais para a produção de jantares em ocasiões especiais como o Dia das Mães, Natal, Reveillon, etc.

Curso: Mes petits pots maison (meus potinhos caseiros)
Duração: 1 semana, das 10h às 13h
Valor: 65,00€ por sessão

O l'Atelier-des-sens tem 2 endereços em Paris:

Unidade Bastille
40 rue Sedaine
Metrô: Bastille linha 1, Bréguet Sabin linha 5, Voltaire linha 9 e Chemin Vert linha 8

Unidade Beaubourg
10 rue du Bourg l'Abbé
Metrô: Etienne Marcel linha 4, Strasbourg St-Denis linhas 8 e 9, Chatelet linhas 1, 7 e 14, Réaumur Sébastopol linha 3 e Arts & Métier linha 11

Central de informações: 01 4021 0850
Para saber mais: http://www.atelier-des-sens.com/

Jeanne d'Arc e igreja de St-Augustin

Antoine Parmentier

O famoso prato francês hachis parmentier, feito a base de purê de batatas e de carne moida, foi inventado pelo farmacêutico, agrônomo, nutricionista e higienista francês Antoine Augustin Parmentier (Montdidier, 1737 - Paris, 1813). O delicioso gratinado que recebe seu nome caiu no gosto do rei Louis XVI, quando Parmentier tentava explicar ao rei seus estudos sobre os efeitos curativos da batata no tratamento da tuberculose.

Para ilustrar o post, consegui essa foto interessante no Ministério da Agricultura da estatua de Parmentier descascando uma batata. O maior especialista em batatas de que se tem noticia esta enterrado no cemitério do Père Lachaise em Paris. Segue abaixo a receita do prato:

Ingredientes (para 4 pessoas)
400g de carne bovina moida
1 ovo
Salsinha bem picadinha (2 colheres de sopa)
800g de batatas
250ml de leite
1 cebola e 1 dente de alho
100g de manteiga
Sal e pimenta
1 pitada de nos moscada
60g de queijo gruyère ou parmesão ralado

Recursos materiais
Panela para refogar a carne
Panelinha para dourar a cebola e o alho
Espremedor de batatas (ou um garfo guarnecido de biceps solidos)
Refratario para assar o produto final

Preparação
Pré-aqueça o forno a 220°C ou no nivel 7 do termostato por 10 minutos.
Refogue a carne na panela.
Quando a carne estiver quase refogada, adicione a salsinha e o ovo misturando bem.
Cozinhe as batatas em agua durante meia hora.
Depois de cozidas, exercite os braços amassando as batadas.
Adicione o leite ao purê e misture bem.
Pique o alho e a cebola bem miudinho, dourando-os em seguida numa panela com um pouco da manteiga.
Misture com o purê a cebola e o alho, o restante da manteiga (em pequenos pedaços), sal, pimenta e um toquinho de nos moscada.
No refratario, coloque uma camada com metade do purê, depois uma camada de carne e em seguida a ultima camada com o restante do purê.
Cubra tudo com o queijo ralado.
Gratine no forno durante 20 minutos.
Et voilà! Sirva com salada verde ou salada de tomates.

Monsieur
Parmentier pode não ter descoberto a cura da tuberculose com as batatas, mas entrou para a historia como o criador de um dos pratos mais populares da cozinha francesa. Ganhou para sempre todo o meu respeito e admiração!

Rue de Varenne

A rue de Varenne é uma rua de importância historica para a cidade de Paris. Situada no 7ème arrondissement, ela tem 930 metros que se estendem da rue de la Chaise até o boulevard des Invalides.

Aberta no inicio do século XVII, a rue de Varenne ja foi chamada sucessivamente de rue du Plessis, rue de la Garenne e, finalmente, rue de la Varenne. Até 1850, apenas o trecho entre a rue du Bac e o boulevard des Invalides era chamado de rue de Varenne - o restante da rua que ia da rue du Bac até a rue de la Chaise era conhecida como rue de la Planche desde 1640. A rue de la Planche foi unida à rue de Varenne por decreto em 8 de janeiro de 1850.

A origem do nome Varenne é controverso: em francês, uma varenne é um terreno não cultivado que servia como reserva de caça, como era o local na época em que a rua foi aberta. Dizem ainda que o nome pode ter se originado dos abades vindos da cidade de Varennes e que se instalaram em Paris, como Mathieu Perrot, chanceler da academia e da igreja de Bourges durante o reinado de Charles IX ou Jacob de Nuchez, bispo de Chalon-sur-Saône sob o reinado de Louis XIV, ou então do escudeiro da cidade de Varennes no século XVII François Perron ou, finalmente, em homenagem ao almirante francês Florent de Varenne.

A rue de Varenne é uma das ruas mais ricas de Paris em hôtels particuliers, os famosos palacetes particulares construidos, sobretudo, no século XVIII. Vamos a alguns endereços interessantes que estão na rue de Varenne:

45: O Hôtel de Jaucourt foi construido em 1777 por Jacques-Denis Antoine para Élisabeth de La Châtre. Ela foi a segunda esposa do conde Louis Pierre de Jaucourt, que da nome ao palacio.
47, 49 e 51: O Hôtel de Boisgelin (também chamado de Hôtel de La Rochefoucauld - Doudeauville) é a sede da embaixada da Italie na France.
48: A condessa de Ségur e seu marido Eugène de Ségur viveram aqui logo apos seu casamento em 1819.
50: O Hôtel de Galliffet abriga hoje a atual sede do Instituto Cultural Italiano.
53: A escritora americana Edith Wharton viveu neste edificio à partir de 1906.

54: A navegadora e campeã olimpica de vela Virginie Hériot viveu neste imovel.
56: O Hôtel Gouffier de Thoix recebe o nome de Thimoléon François Louis Gouffier, marquês de Thoix que construiu o edificio. Nele viveu o poeta francês Louis Aragon. Hoje o edificio faz parte da area de trabalho do primeiro-ministro.
57: Hôtel Matignon, sede do primeiro-ministro francês.
58: Hôtel de Montalivet (também conhecido como Hôtel de Feuquières ou d'Orrouer). O edificio que foi ocupado a partir de 1764 pela familia La Rochefoucauld-Liancourt, no século XIX pelos Calmann-Lévy e no inicio do século XX pelos Montalivet, foi adquirido pelo Estado em 1947.
60: Hôtel du Prat: Construido por Pierre Boscry e decorado por Nicolas Pineau entre os anos 1732 e 1750.
61: O antigo Hôtel de Mazarin (hoje Hôtel d'Étampes) é um dos palacetes de maior importância arquitetonica da rue de Varenne. Construido em 1703 por Jean Courtonne foi completamente reformado em 1736 por Jean-Baptiste Leroux e Nicolas Pineau para a duquesa de Mazarin.
62: Hôtel construido em 1738 por Pierre Boscry para a marquesa de Feuquières.
69: O Hôtel de Clermont (também chamado de Hôtel de Chaulnes e Hôtel d'Orsay) foi construido entre 1708 e 1714 a pedido da marquesa de Saissac. Atualmente faz parte do Secretariado Geral do Governo, a serviço do primeiro-ministro.
72: Hôtel de Castries, construido no final do século XVII, foi residência do duque de Castries entre 1843 e 1863.
73: O Hôtel de Broglie, de 1704, é hoje a residência parisiense de Hassanal Bolkiah, sultão do Brunei.
78: Construido entre 1713 e 1724 para o barão Antoine Hogguer e transformado posteriormente pelo duque de Villeroy, o Hôtel de Villeroy abriga hoje o Ministério da Agricultura e da Pesca.
80: A construção de qualidade singular abriga alguns serviços do Ministério da Agricultura.
75, 77 e 79: O Hôtel Biron é onde esta instalado o Musée Rodin.

Metrô: Varenne linha 13

A primeira foto do post é a rue de Varennes vista pela sacada do Hôtel de Villeroy. Ja a outra, mostra a placa que foi instalada ao lado da porta no numero 53, onde viveu a escritora Edith Wharton. Clique nas fotos para amplia-las.

22 de setembro de 2008

La Cure Gourmande

A biscuiterie La Cure Gourmand é uma loja que parece ter saido de um conto de fadas, como se fosse parte da casa da bruxa de João e Maria - aquela casa inteira feita de doce, lembra? Logo que você entra pela porta sente como se tivesse voltado à infância: é quase impossivel não ser surpreendido de boca aberta enquanto admira as prateleiras repletas de doces, tão bonitos quanto saborosos.

Aqui você vai encontrar uma infinidade de cores e sabores: biscoitos artesanais, balas recheadas de frutas frescas, pirulitos de todas as cores imagináveis, caramelos, torrones, calissons (um doce típico do sul do país, feito de massa de amêndoa confeitada com geléia de laranja) e as deliciosas olives au chocolat - o próprio pecado da gula em forma de azeitona. Mesmo de perto é difícil de acreditar que não são azeitonas verdadeiras: trata-se de uma amêndoa inteira coberta com pasta colorida de cacau. Aff...

A apresentração impecável dos biscoitos é marca registrada de La Cure Gourmande.

Além de fazer o deleite de quem vai a loja, os doces de La Cure Gourmande são ótimas opções de presente. Existem bonitas embalagens já preparadas para presente de alguns dos principais produtos, mas você pode escolher uma das latas em estilo vintage de sua preferência e montá-la à sua maneira. Recomendo apenas que não ponha as olives au chocolat na mala, já que elas são frágeis ao calor - além de deliciosas, as pobrezinhas. O jeito vai ser degustá-las em Paris mesmo. Prove também o mantecal. Garanto que é diferente de qualquer outro que já tenha experimentado.
Escolha sua lata preferida e a recheie como bem entender.

A loja foi criada em 1989 numa pequena cidade litorânea do sul da França chamada Balaruc-les-Bains, próxima a Montpellier, e rapidamente ganhou a preferência do público. A loja conta hoje com vários endereços, sobretudo nas regiões de Provence e Côte d'Azur, e mais 5 unidades na Bélgica - o que prova que a marca confia no que faz. Não é qualquer um que se atreve a abrir uma rede de lojas de doces na Bélgica, país famoso pela tradição em bons doces, geléias e chocolates. Atualmente La Cure Gourmande tem 5 endereços em Paris.

La Cure Gourmand
40 Cour Saint-Emilion, Bercy Village (e em mais 4 endereços na cidade)
Tel.: 01 4340 1334
Metrô: Cour Saint-Emilion linha 14

Post atualizado em 06/01/2011

Place Clemenceau: Estatua do general de Gaulle

Journée du Patrimoine 2008: Eu fui!

Como vocês devem ter percebido, o Viver Paris! ficou meio 'abandonado' neste final de semana - mas foi por uma boa causa. Conforme publiquei aqui ainda no comecinho de setembro, neste final de semana aconteceu a Journée du Patrimoine 2008 e eu não podia deixar de prestigiar o evento.

Logo na manhã do sabado sai de casa para tentar visitar o Palais de l'Elysée. Digo tentar porque de fato não consegui entrar no palacio. Não tive paciência para encarar uma fila de mais de 3 horas com a cidade disponibilizando todo o seu patrimônio à visitação. Para que conste, apenas no sabado, o Palais de l'Elysée recebeu mais de 10.600 visitantes que foram recebidos pessoalmente pelo presidente Nicolas Sarkozy e pela primeira dama Carla Bruni - espero que o simpatico casal tenha superado bem a minha ausência...

Assim, preferi não fazer parte desse contingente e segui rumo a Sorbonne. Logo no caminho uma otima surpresa: a RATP colocou durante todo o dia um trem dos anos 30 em operação na linha 10 do metrô, com agentes de transporte vestidos a carater. Foi uma sorte danada ter pego esse trem e poder observar o olhar de encantamento dos passageiros - sobretudo dos mais idosos. O trem, impecavelmente restaurado, tinha o interior todo em madeira, lâmpadas incandecentes e bagageiros em aço trabalhado. Peço que me perdoem pela falta de qualidade da foto, mas com o balanço da composição aliado à tecnologia neanderthal da minha maquina fotografica não deu pra fazer melhor. Désolé.


Depois de viajar no tempo pelos trilhos do metrô, cheguei finalmente à Sorbonne. E foi ali que me arrependi mais do que nunca por não ter dado ouvidos à mãe e me empenhado mais nos estudos. Fiquei imaginando como deve ser estudar em uma universidade daquelas. Criada em 1253 por Robert de Sorbon para acolher estudantes carentes, a universidade é hoje uma das maiores referências mundiais em educação superior. Varios daqueles caras que desenvolveram as leis das ciências ou que escreveram obras literarias que fazem os estudantes universitarios de hoje arrancarem os cabelos em véspera de prova, passaram com mérito pela Sorbonne. Quer alguns nomes? Jean-Jacques Ampère (fisico que da nome a unidade de medida de corrente elétrica), o Papa Bento XVI (ele mesmo), Honoré de Balzac (escritor), Pierre de Coubertin (renovador dos JOs modernos), Marie e Pierre Currie (fisicos), Simone de Beauvoir (escritora), Jean-Luc Godard (cineasta), Henri Poincaré (fisico e matamatico), Jean-Paul Sartre (filosofo e escritor), São Vicente de Paulo, entre outros de igual importância. Entre os brasileiros destacam-se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o diplomata Sergio Vieira de Mello.

A biblioteca, apesar de contar com um controle de acervo completamente informatizado, mantém até hoje os pesados arquivos de madeira com as fichas de cada um de seus livros. Algumas dessas fichas, escritas a bico de pena no século XIV - um verdadeiro monumento de respeito pelo patrimônio. Acho que a foto fala por si mesma - saiu um pouco torta devido a emoção do momento.


Depois de passar toda manhã babando de encantamento pelos corredores da Sorbonne, decidi aproveitar o bonito dia de sol para prestigiar outro patrimônio: os Marchés Flottants du Sud-Ouest. Uma feira de produtos tipicos do sudoeste francês que se instala anualmente durante todo um final de semana no quai Montebello. E não podia haver lugar melhor para almoçar. E em meio ao jazz festivo que uma banda local tocava sem parar, o Joãozinho aqui escolheu um cantinho às margens do Sena para fazer uma boquinha. Positivo. O meliante foi visto no local portando uma taça de vinho em uma das mãos, um pratinho com uvas, escargots e camembert na outra e um sorriso que não lhe saia do rosto nem por decreto. A Notre-Dame, que estava bem atras de mim, é testemunha. Durante todo o dia foram distribuidos gratuitamente sacolas com amostras de produtos tipicos. Assim, voltei para casa com meu "kit Sud-Ouest" com maçãs, uvas e algumas cabeçorras de alho. Tudo era tão ordenado que parecia até distribuição de hostia na hora da comunhão.


Apos comprar ali mesmo o cardapio completo do jantar, fui para a exposição de veiculos antigos da policia e do corpo de bombeiros em frente ao prédio da Préfecture de Police de Paris. Ali, uma espetacular mostra de carros, motos e caminhões que fizeram ativamente parte da corporação desde os idos de 1900 - como este belissimo carro de bombeiros de 1913 com rodas de madeira e motor à manivela. Detalhe: ele ainda funciona perfeitamente!


Ja no domingo, tentei novamente o Palais de l'Elysée, mas a fila estava ainda maior que no dia anterior. A noticia de que Carla e Sarko estavam saudando os visitantes no sabado animou mesmo o pessoal. Abandonando de vez a idéia, segui então em direção ao Hôtel Matignon, residência oficial do Primeiro Ministro francês François Fillon. Além dos diversos salões do edificio e o impecavel jardim, era possivel visitar inclusive o gabinete de trabalho do Primeiro Ministro. A mesa estava como se ele acabasse de sair para buscar um café - so de olhar deu para descobrir que ele é fã da equipe Ferrari de F1 e que escreve com caneta tinteiro, daquelas que se molha a pena no vidro de tinta. Infelizmente não era possivel fotografar dentro do Hôtel Matignon, mas consegui boas fotos do jardim e da area externa.


O edificio de 1722 que ja pertenceu a Talleyrand e ao proprio Napoleão Bonaparte também abrigou o general de Gaulle durante a Segunda Guerra Mundial. Acima, os fundos do Hôtel Matignon qua da acesso ao jardim - que pode ser visto logo abaixo.


Agora simpatica mesmo foi a acolhida no Hôtel de Villeroy, sede do Ministério da Agricultura e da Pesca. O pessoal era super sorridente e atencioso - deve ser o ministério com o clima mais legal para se trabalhar por aqui. Mas ainda assim fico pensando que num pais como a França, com tanta regulamentação e padronização de produtos que passam sob o controle rigoroso desse ministério (queijos, pães, vinhos, frutos do mar, etc.) o trabalho por ali não deve ser nada facil. Na foto, o Hôtel de Villeroy.


Enfim, depois de um final de semana 'cheio' desses, ficou meio dificil manter o blog em dia. Mas espero ter me redimido ao compartilhar com vocês um pouquinho da minha Journée du Patrimoine deste ano. Espero que quem esteve presente possa ter aproveitado tanto quanto eu, e quem ainda não teve a oportunidade de participar possa fazê-lo em breve. Posso garantir que assinar o nome no Livre d'Or do Hôtel Matignon, ler Jacques Prévert na biblioteca da Sorbonne ou andar num trem de metrô da época em que o vovô ainda usava calça curta faz um bem danado à cabeça e ao coração.

Para saber mais:
http://www.premier-ministre.gouv.fr/
http://www.paris-sorbonne.fr/
http://www.journeesdupatrimoine.culture.fr/
http://www.marchesflottants.fr/