O rei da França Henri IV (ou Henrique IV para os lusófonos) foi um personagem histórico cuja vida - e a morte - fora marcada por passagens bem curiosas. A mais estranha delas é a de que talvez ele tenha sido o único rei da França que perdeu a cabeça sem ter passado pela guilhotina. Vamos ao caso...
Em 14 de maio de 1610 o Rei da França Henri IV foi assassinado a facadas pelo professor - e extremista religioso - François Ravaillac diante do número 10 da rue de la Ferronnerie. A propósito, é nessa rua curtinha do 1° arrondissement que se situa um dos imóveis mais longos de Paris, um edifício construído entre os anos de 1669 e 1678 que ocupa os números 2, 4, 6, 8, 10, 12 e 14. Essa rua é bem antiga e até 1229 chamava-se rue des Charrons. O local exato do assassinato de Henri IV foi marcado com uma placa com o emblema real instalada no piso e pode ser vista ainda hoje por quem passa por ali.
Se ficasse no Brasil o edifício da rue de la Ferronnerie talvez fosse apelidado de 'O Compridão'.
O corpo de Henri IV foi sepultado no mausoléu real da basílica de Saint-Denis - onde estão enterrados mais de 70 reis da França. Porém, em 1793 a basílica foi saqueada pelos revolucionários e o túmulo de Henri IV profanado. A cabeça do corpo embalsamado do rei foi retirada na confusão e ficou perdida durante anos. Tempos depois, uma cabeça embalsamada atribuída a Henri IV começou a passar pelas mãos de diversos colecionadores, sem que ninguém soubesse ao certo se, de fato, era ou não a cabeça perdida do rei.
A estátua eqüestre de Henri IV ornamenta a Pont Neuf.
Foi só em janeiro de 2010 que o jornalista francês Stephane Gabet, depois de muita pesquisa, localizou a tal cabeça no sótão do aposentado Jacques Ballanger. Segundo Gabet, a cabeça havia sido arrematada por um casal num leilão em meados de 1900, passando em 1955 para as mãos de Jacques Bellanger. Gabet encaminhou então a cabeça para o médico forense Philippe Charlier do hospital da Universidade Raymond Poincaré em Garches. Através uma série de testes, o médico acabou confirmando que a cabeça era mesmo de Henri IV. Em 2011, a cabeça real voltou então à basílica de Saint-Denis para, finalmente, repousar junto ao seu corpo.
Morada eterna dos reis: o túmulo do Vert Galant na basílica de Saint-Denis.
O Vert Galant, como era conhecido Henri IV, teve 6 filhos legítimos (dentre os quais o rei Louis XIII) e outros 12 (!) ilegítimos. Para que conste, Vert Galant é o termo em francês usado para designar os tiozões que, apesar da idade, têm ímpeto aventureiro ou demonstram notável ousadia com as mulheres.
Rue de la Ferronnerie
Metrô: Châtelet linhas 1, 7, 11 e 14 ou Les Halles linha 4
Basílica de Saint-Denis
Metrô: Saint-Denis linha 13
"Paris vale bem uma missa." - Henri IV, 1593