31 de agosto de 2011

Impressões impressionistas

Edmilson Siqueira

O bom de estar em Paris, além de tudo que a cidade oferece, é que em pouco menos de uma hora você pode estar em Giverny, onde Monet criou um jardim que parece uma grande pintura e depois o colocou em quadros que ficaram ainda mais bonitos que o jardim. Aquela impressão nublada que aquele mundo de folhas, flores, céus e sóis nos dá em suas obras é o sonho do jardim que você vê ao vivo. Estar ali, passeando e admirando a “outra obra” do artista, é como penetrar num quadro dele para se deliciar naquele turbilhão de impressões e cores.

Estivemos lá, Zezé e eu, em 2002. Na margem esquerda do Sena (ou era direita? Eu sempre confundo, pois sinceramente não sei qual é uma ou outra) havia uma pequena agência de turismo que fazia (deve fazer ainda) várias excursões diárias até Giverny. Você podia ir até a agência e pegar uma van ou contatá-la desde o hotel, que ela ia lhe buscar. Era mais barato ir até lá, claro. E um passeio naquela região, margeando o rio, cheia de artistas nas calçadas valia muito mais que esperar a van no hotel.

Em cerca de uma hora estávamos em Giverny. Um lugar afastado, sem muitas casas, muita natureza domesticada, calmo e silencioso. A van nos deixou em frente à casa, de onde ainda não se vislumbra o jardim. O motorista, um jovem com menos de 25 anos, avisou todo mundo - em francês e inglês - que às 17h estaria de volta. Tínhamos umas quatro horas para ficar ali. E foi pouco.

Compramos os ingressos e entramos, passando direto para o jardim onde o encanto daquelas paisagens nos esperava. Um riacho serpenteia todo o jardim e, para ultrapassá-lo, há aquela famosa ponte japonesa que qualquer admirador de Monet já viu em seus quadros.

Andamos, sentamos num banco, comemos um sanduíche, andamos de novo, voltamos por onde entramos, começamos o trajeto de novo e, houvesse tempo de sobra, faríamos novamente o mesmo percurso, pois sempre descobríamos algo novo, uma árvore que passou sem que víssemos, uma folhagem já amarelada, um raio de sol em outra posição causando novas sombras e novas luzes, enfim, estávamos assistindo, 76 anos depois de sua morte, à produção de vários novos quadros de Monet a todo instante. Acho que disse pra Zezé que foi pra isso, mais do que para as obras que produziu ali em vida, que Monet criou aquele jardim: para imortalizar suas impressões todas, de forma dinâmica e inusitada, pois cada visitante, ao entrar e andar pelo jardim, pode imaginar o que o gênio de Giverny estaria fazendo agora, como ele estaria transformando as novas folhas e flores e sóis e sombras em espetáculos visuais encantadores.

Monet viveu naquela casa - que hoje é seu museu - e naquele jardim por 43 anos, até morrer em 1926. Para construir o jardim comprou o terreno ao lado da casa e contratou seis jardineiros. Já eram dias de fartura, seu trabalho já era admirado reconhecido depois de muita pobreza e sofrimento.

Na casa-museu estão vários quadros seus - cópias perfeitas já que os originais estão em museus famosos e muito mais seguros. Há um bazar onde estão posters de quadros de vários tamanhos e preços e muitas outras lembranças.

A volta foi em silêncio. Por certo todos na van - havia três casais se bem me lembro - estavam a digerir aquele mundo de beleza impressionante e, principalmente, impressionista. Os outros casais ficaram em seus hotéis e Zezé e eu prosseguimos até a sede da agência. Um bom papo com o motorista, sua preocupação com o aumento de imigrantes em Paris e os efeitos dessa imigração na política (efeitos que se consumaram, diga-se, e ajudaram a afastar partidos de centro-esquerda do poder), marcou o retorno. Ficamos por ali, passeando às margens do Sena, até que uma chuva fina caiu e resolvemos sentar num café com cadeiras na calçada, ao abrigo da chuva.
Uma taça de vinho, uma tarde caindo, uma chuvinha fina, Paris à sua volta e as impressões de Monet rondando seu cérebro. Isso deve ser algo muito próximo ao paraíso.

Paris celebra os 110 anos do metrô

Na última segunda-feira 15 de agosto o metrô de Paris completou 110 anos de funcionamento. Apesar de atrasado, o Viver Paris não poderia deixar de prestar sua homenagem, já que este que vos escreve é um entusiasta incondicional do metrô parisiense.

A linha 1 do metrô de Paris foi a primeira linha metroviária a operar na França. Inaugurada em 1900 para a Exposição Universal, a linha percorria na época o trajeto entre as estações Porte de Vincennes e Porte Maillot. Atualmente, a linha 1 é também a mais movimentada dentre as 16 linhas operadas pela RATP e até 2012 será a segunda a contar com operação completamente automatizada - atualmente a linha 14 é única da rede a operar com automatismo integral.

Em Paris as ruas, avenidas e boulevares foram literalmente rasgados para a passagem do metrô. Por isso a maior parte das linhas subterrâneas acompanha o traçado das ruas na superfície.

Os primeiros estudos para a construção do metrô de Paris começaram em 1845. Porém, a obra só foi concluída anos mais tarde sob o comando do engenheiro Fulgence Bienvenüe - conhecido na França como o pai do metrô. Foi ele quem em 1895 desenvolveu o ante-projeto do que viria a ser, de fato, o metrô parisiense.

Fulgence Bienvenüe diante da entrada da estação Monceau.

Ao longo de sua vida Bienvenüe colecionou inúmeras homenagens em reconhecimento aos seus feitos notáveis dedicados ao metrô de Paris. Entre elas, o título de Cavaleiro da Legião de Honra da França, a Grande Medalha de Ouro de Paris e até uma estação de metrô foi batizada em sua homenagem: a Montparnasse-Bienvenüe. Um selo postal também foi editado em sua memória em 1987 e hoje é objeto disputado por colecionadores de todo o mundo. Mesmo tendo perdido o braço esquerdo durante uma obra, Bienvenüe trabalhou praticamente até o final de sua vida, atuando como engenheiro conselheiro da cidade de Paris até sua aposentadoria definitiva em dezembro de 1932 aos 80 anos de idade. O pai do metrô de Paris morreu em 3 de agosto de 1936 e repousa na divisão 82 do Père-Lachaise.

Homenagem a Fulgence Bienvenue em Uzel, cidade natal do engenheiro.

Engenharia a parte, as elegantes edículas que ornamentavam as entradas das estações em estilo art nouveau foram projetadas pelo arquiteto Hector Guimard. Ainda hoje algumas dessas belas edículas podem ser vistas em Paris. As edículas Guimard também já ganharam um post só para elas aqui no blog.

Amor a primeira vista: Foi pela estação Place de Clichy (linhas 2 e 13) que andei pela primeira vez no metrô de Paris.

Como na época não existiam as modernas perfuratrizes conhecidas como tatus para cavar os túneis do metrô, as ruas e avenidas de Paris eram totalmente abertas e escavadas para a colocação dos trilhos e a construção de plataformas. Ao término da construção, tudo era coberto com terra e concreto e a avenida era novamente pavimentada. Pois é Joãozinho, como já dizia o seu vô Eupídio "quem quer faz!" - e em Paris foi assim.

Até a década de 40 eram assim os bilhetes de metrô em Paris.

Atualmente o metrô de Paris se estende por 211km de trilhos distribuídos em 16 linhas e 298 estações. A rede metroviária de Paris atende diariamente cerca de 4,5 milhões de usuários e emprega mais de 15 mil pessoas.

Plataforma da estação Olympiades da linha 14, a linha mais moderna da rede.

O termo metrô usado em diversos países do mundo é originário da abreviação do nome da companhia que operava o sistema de transporte subterrâneo de Paris na época de sua construção, a Compagnie du Chemin de Fer Métropolitain de Paris - popularmente conhecida como Métro.

Fête de la Gastronomie

Joãozinho, se você estiver em Paris em setembro pode abrir sua agenda e comemorar: está marcado para o dia 23 de setembro a primeira edição da Fête de la Gastronomie - o evento nacional que vai celebrar a diversidade e o patrimônio da gastronomia francesa.

Além de proporcionar muita diversão, a data visa estimular o cidadão comum a cozinhar e com isso desenvolver valores como o convívio social, a partilha e a generosidade.

Em moldes similares ao da Fête de la Musique, na Fête de la Gastronomie chefs estrelados apresentarão seus menus exclusivos pelas ruas do país, cozinhando para qualquer pessoa que se interessar em experimentar seus pratos. Os organizadores ainda pretendem estimular o convívio entre os turistas e os habitantes locais, promovendo a troca de receitas e de informações culinárias entre pessoas de todo o mundo.

Boeuf bourguignon: a materialização do deleite supremo.

A cada ano a Fête de la Gastronomie deverá abordar uma temática diferente. A primeira edição do evento tem como tema o planeta Terra - o que deve inspirar os chefs a explorar a diversidade de sabores do mundo na culinária francesa. Simplesmente imperdível.

Para saber mais acesse o site oficial do evento clicando em: Fête de la Gastronomie.

17 de agosto de 2011

La pétanque au coeur de Paris

Foto: C. J. Peters, Paris, 2004

Aos 60 do segundo tempo

Edmilson Siqueira

Fiz 60 anos domingo passado e, se os deuses do Olimpo tivessem me ouvido, tê-los-ia comemorado em Paris. Não, não seria uma comemoração em Paris com toda a pompa que o nome sugere. Seria um dia como outro qualquer que mereceria um vinho talvez um pouco mais caro num café do Quartier Latin ou de uma colina de Montmartre, adivinhando os espíritos sombrios que por ali já passaram e que, por certo, estariam rondando minha mesa. Minha não, nossa. Zezé estaria ali, com certeza. E talvez um ou outro amigo que tivesse feito por lá. Não sou de fazer amigos, talvez a idade tenha me tornado meio ranzinza e acabo muitas vezes perdendo a paciência.

Ah, a falta de pompa também se daria porque eu não teria ido para lá só por causa da data. Eu já estaria lá e “comemorar em Paris” seria apenas uma consequência da mistura do fato geográfico com o calendário gregoriano que vivemos.

Eu teria ido a Paris um ou dois anos antes, satisfeito porque finalmente as finanças teriam permitido o sonho se realizar. Teria alugado um apartamento em qualquer margem do Sena, mesmo longe do Sena, com vista para qualquer coisa, pois qualquer coisa seria Paris, mesmo que fosse o prédio em frente.

Já falaria francês fluentemente, pois teria frequentado aulas como um colegial aplicado e, sempre que possível, puxaria uma conversa com alguém só para saber o que já conseguia entender. Porque uma coisa é a professora lhe falar pausadamente para que você entenda a lição do dia. Outra é a voz das ruas, do cidadão comum que não está nem aí com o fato de você ser estrangeiro. Assim, fazendo de toda Paris um enorme livro da língua de Victor Hugo e de cada conversa uma pequena aula, eu já manjaria até uma porção de gírias. A prova de fogo teria sido em algum jardim de Paris, onde senhores aposentados passam o tempo jogando pétanque, aquele jogo que se parece com a bocha. Parece, não, é o mesmo, talvez só mudando o tamanho e o local dos campos. Sentar ali, apreciar o jogo e entender tudo o que eles falam, seria a prova final do meu curso.

Em domingos de sol - primavera ou verão, não importa - aprontaríamos uma sacolinha com uma toalha, alguns queijos, uma saladinha num tapeware, umas frutas e uma garrafa de vinho branco que saberíamos manter gelado, e iríamos ao Parc Floral curtir um show qualquer no seu auditório ao ar livre. O gramado abrigaria a toalha e nossos corpos sentados, ouvindo uma boa música, comendo um bom queijo e bebendo um bom vinho. Na saída não haveríamos de nos preocupar com o carro parado lá fora. Ele estava seguro sem a necessidade de “guardadores” que exigem pagamento adiantado para não guardar nada. Isso se tivéssemos carro, porque o Metrô nos levaria até a poucos metros do parque e, na volta, nos deixaria “pertindicasa”, com diz um amigo mineiro.

Na volta, poderíamos escolher um cinema, um teatro, um casa de jazz ou fazer um passeio a pé mesmo, que cada esquina tem um cartão postal pronto para ser admirado.

Meus 60 anos foram comemorados sábado passado, com alguns familiares e amigos e amigas no meu apartamento em Campinas. Foi uma noite alegre em que tive a sensação de estar entrando de vez para o rol dos “idosos” quando minha filha me perguntou: “Ô pai, agora você pode estacionar naquelas vagas maneiras do shopping?” Pois é, fiz meu cadastro na prefeitura e logo mais terei o cartão de idoso que me dá o privilégio. Não, não é Paris e não há um jardim para se jogar pétanque em segurança por aqui, mas já é alguma coisa.

Où est Charlie by Max et Charlotte

Minha amiga Bárbara Marques enviou de Paris uma dica supimpa para compartilhar com vocês aqui no blog - é a exposição fotográfica Où est Charlie by Max et Charlotte que fica em cartaz até o dia 19 de setembro em Bercy Village.

Para que ainda não associou o nome à pessoa, o Charlie em questão é o personagem conhecido no Brasil como Wally - da série de livros Onde está Wally de Martin Handford.

A exposição transfere o Charlie das ilustrações ao mundo real através da fotografia, nos convidando à sempre difícil tarefa de encontrá-lo em cena.

Vai aí Joãozinho, você não é do 'jiu-jipsu'? Então ache o Carlie escondido no d'Orsay.

Vá com a família e tente descobrir a cada nova foto onde raios está Charlie. Desta vez o personagem aparece escondido em diversos locais de Paris - como por exemplo o Musée d'Orsay, a Gare de l'Est, a piscina de Pontoise, o Jardin de Luxembourg, a Opéra Garnier e a própria Bercy Village - em cenários sempre coloridos e repletos de pessoas e objetos que dificultam ainda mais a brincadeira. Além da diversão, as fotos das locações parisienses valem o passeio.

Difícil mesmo é encontrar o Charlie na Gare de l'Est.

A exposição é diversão garantida com entrada gratuita.

O cartaz da exposição foi clicado pela Bárbara, as demais fotos publicadas no post são do site oficial de Max e Charlotte. Você pode conferir essas e outras fotos em tamanho maior (claaaro...) clicando em Max et Charlotte.

Quem não gostou muito dessa idéia da dupla de artistas de Gobelins foi o meu amigo Rodrigo Barreto. Durante anos ele posou de Charlie, fotografando a ele próprio escondido na capital francesa - apesar de muito engraçadas e bem tiradas, suas fotos ainda não ganharam uma exposição em Bercy. Esperamos que um dia ele decida publicá-las no Viver Paris para a nossa felicidade.

Exposição Où est Charlie by Max et Charlotte
Bercy Village
28, rue François Truffaut
Tel.: 01 4002 9080
Metrô: Cour Saint-Emilion linha 14
Até 19 de setembro. Entrada gratuita.

16 de agosto de 2011

Distribuidor automático de pães no XIXème

Uma idéia simples e criativa implementada em Paris está fazendo o maior sucesso entre os moradores das imediações do Parc des Buttes-Chaumont - trata-se do primeiro distribuidor automático de pães da cidade.

A máquina que fica diante de uma simples boulangerie de bairro localizada na avenue Mathurin-Moreau vende diariamente baguettes quentinhas a qualquer hora do dia ou da noite. Basta você botar uma moedinha de 1,00€ na máquina et voilà la baguette.

A máquina funciona mais ou menos assim: aproximadamente 100 baguettes pré-assadas são colocadas em um compartimento refrigerado da máquina onde os pães podem se manter em perfeitas condições por até 72 horas. Pouco a pouco os pães são transferidos automaticamente a um forno integrado ao aparelho, onde são assados no ponto certo para que cheguem quentinhos e crocantes às mãos do freguês. Quando as baguettes assadas estão acabando, a própria máquina se encarrega de transferir novos pães da geladeira para ao forno, iniciando mais uma fornada.

Olha que prático Joãozinho: moedinha de um lado, pão quentinho do outro.

Graças à novidade, o boulanger Jean-Louis Hecht (que aparece orgulhoso na foto menor ao lado de sua criação) aumentou as vendas da baguette em 80 unidades diárias.

Sede do Partido Comunista Francês: Niemeyer a dois passos da boulangerie.

Ah Joãozinho, aproveite que está na rua e mesmo que não tenha pretensões políticas, dê uma espiada na sede do Partido Comunista Francês que fica logo ali pertinho na place du Colonel Fabien. Construído em 1971, o edifício é a materialização de um projeto de 1965 do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer e é catalogado como monumento histórico francês. Se conseguir ingressar no edifício, vale saber que o teto oferece uma vista fantástica de Paris.

Bolangerie Mathurin
20 avenue Mathurin-Moreau
Metrô: Colonel Fabien linha 2

Siège du Parti Communiste Français
2 place du Colonel Fabien
Metrô: Colonel Fabien linha 2

12 de agosto de 2011

Declarada a guerra dos Post-It

A Guerre des Post-It é a mais nova - e curiosa - mania que está tomando conta dos escritórios corporativos instalados na região parisiense.

Trata-se de um divertido desafio que consiste em montar um mosaico feito de Post-It na janela do escritório, convidando assim o pessoal que trabalha no edifício em frente a entrar na brincadeira e montar um mosaico ainda mais bacana.

Os temas preferidos dos parisienses são relacionados aos jogos clássicos de video games como Pac Man, Space Invaders, Super Mario Bros e Sonic, mas personagens de desenhos animados como Os Simpsons, Bob Esponja e Angry Birds também são vistos de forma recorrente adornando as janelas dos escritórios de La Défense.

Vamos combinar: isso é muito mais divertido do que a pausa do cafezinho.

É indiscutível o talento dos profissionais desta empresa de La Défense.

A "guerra" entre os funcionários da desenvolvedora de jogos Ubisoft e os do banco BNP que ficam instaladas face a face na região parisiense de Montreuil é uma das mais divertidas e comentadas, tamanha a adesão de participantes - e de Post-Its.

Você pode ver mais fotos dessa criativa forma de declarar guerra aos vizinhos acessando o site Post-it War.com

Grégoire: Ta main



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11 de agosto de 2011

Uma declaração de amor a Paris

Quando li a primeira crítica do filme Meia-noite em Paris, de Woody Allen, percebi que estava diante de algo que, mesmo que não fosse a obra-prima que é, teria de assistir. A história me pegou logo de cara, mas não pelo fato de o personagem principal viajar no tempo e encontrar ícones de uma era com os quais eu convivi em dois livros recentes - Paris Não Tem Fim, de Henrique Vila-Matas e Os Exilados de Montparnasse, de Jean Paul Caracalla, - e que eram seus ídolos ou, mesmo que não fossem, eram artistas geniais – e sim pelo fato de que ele está em Paris e, apesar de ser americano, estar de casamento marcado com a filha de um milionário americano, pensa em, de alguma forma, ficar por ali, casar nos EUA, sim, mas morar em Paris para se inspirar e poder escrever romances. A noiva nem imagina em morar em Paris. Prefere Malibu ou algo parecido.

A história me lembrou um amigo que viveu em Paris alguns anos e relutou em voltar e que, como o herói de Woody Allen, também escreve e gostaria de alçar vôos mais altos. Mas a vida às vezes não nos deixa escolhas ou, talvez melhor, adia essas escolhas por um tempo.

A crítica do filme continuou me contagiando e quando acabei de ler fui pesquisar a programação dos cinemas de Campinas. Domingão à tarde era o melhor horário pra mim. Eu disse “que futebol, que nada” e me mandei para o cinema. Zezé, minha mulher, cansada após um sábado exaustivo, decidiu não ir.

Para minha surpresa, o cinema lotou, o que não é comum em se tratando de Woody Allen. Antes de começar o filme, lancei uns olhares pela platéia e, outra surpresa, constatei que ela se dividia em várias idades - jovens, adultos e outros como eu, já passados dos cinquenta. Veja só, pensei, um filme de Woody Allen atraindo gerações.

O início do filme, com uns 5 minutos de paisagens parisienses sob um tema de jazz delicioso (Woody Allen tocava ou toca clarinete num grupo de jazz) como se fosse um comercial da cidade é de emocionar qualquer um, mas principalmente quem vê Paris como eu. Explico: estive lá duas vezes, dez dias cada vez, em 2001 e 2002. Penso em voltar, quero voltar e, tenho certeza, vou voltar. Desde 2001, sonho em viver lá, andar por lá, ver tudo de novo e ver também tudo que ainda me é novo. Enfrentar o frio que eu não gosto com, no mínimo, pinta de quem está aguentando firme e, finalmente, aprender francês de vez, eu que apenas balbucio algumas frases feitas tiradas de alguns sucessos musicais dos anos 60 e 70 e outras das aulas da Maria Bon Jour no Colégio Estadual Culto à Ciência de Campinas.

A partir desse início, para mim arrasador, fiquei me deliciando com o resto do filme. Adorei cada momento, curti cada paisagem que via ou revia, ri a cada piada e situação, adivinhei o nome de quase todos os artistas do início dos anos 20 do século passado que aparecem, sofri um pouco para lembrar que o que ele sugere a Buñel acabou virando O Anjo Exterminador e me deliciei com os rinocerontes ainda virtuais de Salvador Dalí, eu que vi um deles - e até fotografei - quando uma exposição do surrealista espanhol veio para Campinas e expôs a enorme escultura na rua, em frente ao museu. Segurei um nó na garganta várias vezes - e o filme não tinha um momento sequer que sugerisse lágrimas. Era a saudade de Paris que aflorava vez em quando misturada à impossibilidade de sair do cinema e pegar um avião da Air France em Cumbica (nem precisava reencontrar a linda aeromoça que me disse “je vous écoute” na primeira viagem) e descer no Charles De Gaulle no outro dia de manhã.

No domingo seguinte, Zezé disse que queria ver o filme. Fui com ela.

Edmilson Siqueira

Edmilson Siqueira no Viver Paris

Quem acompanha o blog há mais tempo sabe que não é de hoje que o meu amigo Edmilson Siqueira envia boas sugestões aqui para o blog. Basta ver alguma dica interessante sobre Paris, e lá está o Ed me escrevendo para eu compartilhar a informação aqui com vocês.

Jornalista dos bons, o Ed foi sempre um grande incentivador para que eu seguisse adiante com a idéia de escrever o Viver Paris - isso desde quando o blog ainda ensaiava seus primeiros passos.

Hoje, é uma grande satisfação poder contar a vocês que o Ed passará a atuar como colaborador efetivo do Viver Paris e seus ótimos textos passarão a ser publicados aqui no blog.

Coincidentemente, agosto é o mês de aniversário dele e do Viver Paris. Para celebrar, o texto de estréia é um verdadeiro presente: Uma declaração de amor a Paris, de Edmilson Siqueira.

10 de agosto de 2011

Tem Paris na revista Viagem de agosto

A revista Viagem deste mês traz dicas supimpas de como aproveitar bem a cidade sem gastar muito dinheiro.

Mais do que simplesmente recomendar lugares, a matéria Tá facile, facile de Carolina Nogueira dá boas dicas de como fazer economia em 38 endereços descolados da cidade - tudo para você se hospedar, saborear, passear e comprar em locais bacanas de Paris sem gastar muita grana.

Para quem quiser fazer como eu e comprar a revista em banca, basta desembolsar 10,00R$ - a edição deste mês apresenta o novo projeto gráfico da Viagem e vale cada centavo.

Para os mais moderninhos, a revista Viagem também pode ser adquirida para iPad via App Store. Para comprar basta clicar aqui. Ou melhor... Aqui.

Mas se você quiser fazer economia desde já, a matéria sobre Paris está disponível inteirinha no site da revista. Clica aqui e aproveita Joãozinho!

9 de agosto de 2011

Sacola de compras da Côté Maison

Já faz algum tempo que os franceses deixaram de lado o uso das sacolinhas plásticas nos supermercados - hábito que aos poucos vai se consolidando também no Brasil.

Dessa forma, vão surgindo a cada dia novas idéias de sacolas retornáveis que aliam beleza, praticidade e muita criatividade. Uma das sacolas retornáveis mais supimpas que vi nos últimos tempos é esta daqui, da loja Côté Maison. Além de ser prática e bonita tanto aberta quanto fechada, ela ainda se ajusta perfeitamente ao carrinho de compras do supermercado.

O que é, o que é... Fechada é supercompacta, aberta cabe um montão de troço dentro?

O sac courses pour caddy da Côte Maison é vendido em diversas cores e custa 9,90 euros cada.

Côté Maison
44 Cours Saint-Emilion
Metrô: Cour Saint-Emilion linha 14
Tel.: 01 4344 1212
Abre de segunda a domingo das 11h00 as 20h00

8 de agosto de 2011

Tumult: o novo soft drink da Coca-Cola

A Coca-Cola acaba de lançar na França a Tumult, um novo conceito de cerveja sem álcool.

Diferente das cervejas sem álcool comuns a Tumult não tem a pretensão de ser uma alternativa não alcoólica para quem gosta de cerveja tradicional, mas sim de ser um soft drink de alta gama com sabor autêntico.

O processo de produção da bebida se inicia como o da cerveja. A diferença é que fermentação é interrompida antes do surgimento do álcool. A Tumult não leva conservantes nem aromatizantes artificiais, é finamente gaseificada e vem em duas versões: maltada para os meninos e frutada para as meninas.

Outra grande diferença em relação a cerveja e aos demais soft drinks da Coca-Cola está na distribuição e marketing do produto. A Tumult foi concebida para ser comercializada em pontos de venda VIP, como os bares de hotéis de prestígio e baladas top. Para o grande público, a Tumult pode ser encontrada em Paris na rede de lojas Monop' (o irmão menor dos supermercados Monoprix) e na Grande Epicerie do Bon Marché - uma das principais boutiques gourmandes da cidade. Também já está em estudo disponibilizar o produto na épicerie das Galeries Lafayette.

Apesar de tanta exclusividade, a embalagem com 4 garrafinhas de 250ml cada custa módicos 3,50 euros. Demasiado barato para que você não experimente, não é Joãzinho? Por enquanto a França é o único país do mundo onde você pode encontrar a bebida.

Para saber mais, clique em Tumult.

5 de agosto de 2011

Numina: personal shoppers em Paris

Está indo a Paris de primeira classe? Très chic, hein Joãozinho! Então anote essa dica que foi enviada pelo meu amigo Edmilson Siqueira - o Ed é o melhor amigo de infância que fiz nos últimos anos e sempre envia boas dicas aqui para o blog.

A Numina é uma consultoria criada pela brasileira Dione Occhipinti e pela a francesa Sarah-Mathilde Chan Kin para auxiliar os turistas que visitam Paris a aproveitar melhor o tempo e o dinheiro na hora de ir às compras. Dione e Sarah-Mathilde são especialistas em moda e consultoria de imagem e oferecem tours de compras personalizados de acordo com o propósito de cada visitante - elas podem acompanhar seus clientes às lojas ou até mesmo fazer as compras por eles. Enquanto você aproveita o que a cidade tem de melhor elas vão às compras por você.

No pacote Shopping Tour de Luxo, Dione e Sarah levam até quatro pessoas para visitar as principais lojas da cidade, dando dicas e conselhos - mas sem consultoria individual. Já o pacote Fashion Tour Consulting é voltado a tirar o máximo proveito das especialidades da dupla, que escolherá lojas e produtos de acordo com o perfil e o orçamento de cada cliente.

E existe até um serviço específico que auxiliar na escolha de presentes para familiares e amigos - o Shopping Gift. Basta passar informações sobre o perfil do ente presenteado que as duas cuidam de tudo. O serviço Image Consulting - um dos mais procurados - ajuda o cliente a criar um estilo para qualquer ocasião, de festas a reuniões de negócios.

As personal shoppers indicam não só lojas famosas do como Chanel, Hermés e Dior, mas levam seus clientes também às pequenas boutiques parisienses, conhecidas apenas pelos moradores do quartier e pelos insiders. Mais do que simplesmente 'comprar' a Numina oferece uma experiência única de moda, beleza, lazer, cultura e bem-estar na capital francesa.

Para saber mais clique em: Numina