29 de setembro de 2010

Em Paris, conte com os greeters

Assim como em outras cidades francesas, Paris conta com o apoio dos greeters - voluntários dispostos a mostrar sua cidade natal para turistas estrangeiros. Além de apresentar os pontos turísticos às pessoas, os greeters ainda compartilham informação, experiências e dão dicas práticas para que o turista possa se virar bem na cidade. Por ser um serviço voluntário, tudo isso sai de graça para o turista.

E se você ainda não se vira muito bem em francês, não se preocupe, Joãozinho. Para ser federado da Global Greeter Network - a rede global que faz a gestão das 15 associações de greeters existentes ao redor do mundo - o greeter precisa saber falar uma língua idioma além do seu idioma nativo.

Em Paris são os Offices de Tourisme (escritórios de apoio ao turista) que indicam os greeters de acordo com o perfil de viagem do turista.

Além da vantagem de você não pagar nada pelo serviço, você estará em companhia de uma pessoa que nasceu em Paris e que faz essa atividade simplesmente porque gosta da cidade e de ajudar as pessoas. Os greeters recebem o turista de forma simples e amigável, são flexíveis em relação aos propósitos de viagem e ao atendimento de pedidos específicos de cada turistas.

Vale mencionar que os greeters não são exatamente guias turísticos. Portanto, oferecem uma abordagem pessoal ao falar sobre a cidade, além de fugir um pouco dos roteiros turísticos tradicionais - o que acaba sendo bastante interessante para quem quer conhecer um pouco mais de perto a vida cotidiana dos parisienses enquanto passeia pela cidade.

Para saber onde estão as Offices de Tourisme mais próximas de você, clique aqui.

Christian Ragil, um dos greeters parisienses, mostra a cidade para a turista sul-coreana Ju Young Gam (foto: Michel Euler).

Post sugerido por Edmilson Siqueira

28 de setembro de 2010

BN: um clássico para você provar sorrindo

Impossível não mencionar aqui no blog este verdadeiro clássico do ‘casse-croûte’ francês: os animados biscoitos recheados BN, que desde 1896 fazem a alegria da petizada em toda a França.

E basta provar um para ver que a garotada tem razão em dilatar as pupilas diante de um BN: a massa é sequinha, crocante, e o sabor do recheio, hummm... Dilícia!

Os biscoitos BN podem ser encontrados em qualquer supermercado francês em 6 sabores diferentes: chocolate, morango, baunilha, framboesa, apricot e chocolate ao leite. Ah, quase ia me esquecendo de um detalhe importante: os BN não têm apenas uma, mas quatro tipos diferentes de carinhas sorridentes em cada pacote. A versão Mini-BN tem a mesma variedade de sabores e de caretinhas, mas além do tamanho, tem como diferencial o fato dos biscoitos serem redondinhos, enquanto que os BN tradicionais são quadradinhos.

Um cartaz publicitário dos biscoitos BN da época em que o vô Pierre ainda usava calças curtas.

O nome BN vem de Biscuiterie Nantaise, a primeira fabricante dos sorridentes biscoitinhos. Digo ‘primeira fabricante’ porque em 1968 a Biscuiterie Nantaise foi comprada pelo grupo norte-americano General Mills; em 1992 passou para as mãos da PepsiCo; em 1998 foi comprada pela United Biscuits (a quarta maior fabricante de biscoitos do mundo) e atualmente a marca está na mira do conglomerado alimentício chinês Bright Food.

Pacotão econômico? Com 2 embalagens gratuitas? Eu quero!

Em 1986 as vendas dos BN tiveram um declínio expressivo. Para restabelecer as vendas, os BN passaram por uma reformulação completa, através de um forte plano de ação empreendido pela General Mills para garantir a sobrevivência de nossos amiguinhos sorridentes no mercado: surgiram novos sabores, o sabor original de chocolate ficou ainda mais gostoso, a embalagem ficou mais bonita e foram lançadas campanhas publicitárias caprichadas. Mas o que de fato garantiu o sucesso do plano foi o lançamento do BN Box - um estojinho rígido com capacidade para transportar até 2 biscoitos BN, preservando-os intactos até a hora da merenda. E assim, a criança que aparecesse na escola com um BN Box fazia o maior sucesso entre a petizada - isso porque as crianças francesas costumavam saboreavam os BN em casa, quando voltavam da escola. Com o surgimento do BN Box, os biscoitos chegavam inteirinhos até a hora do recreio, sem derrubar um cisco sequer na lancheira.

Joãozinho, claro que nossos amiguinhos BN são divertidos e deliciosos! Milhões de crianças francesas não podem estar erradas.

E é por essas e outras que considero esse risonho biscoitinho mais do que um pequeno prazer - BN é um verdadeiro clássico nacional. A dispensa aqui de casa é prova disso.

27 de setembro de 2010

Disneyland Paris a preços promocionais

Quer visitar a Disneyland Paris pagando menos da metade do preço? Então escuta só essa, Joãozinho: a Fnac.com em parceria com a Disneyland Paris organizou a venda promocional de ingressos por tempo limitado.

Até o próximo dia 4 de outubro os ingressos de validade diária que originalmente custam 53,00€ adultos e 45,00€ crianças, custarão apenas 25,00€ para uso em dias úteis e 29,00€ para uso em finais de semana e feriados.

Para comprar seus ingressos ou obter maiores detalhes sobre a promoção e condições de venda, acesse:

Disneyland Paris - Vente Flash Fnac

24 de setembro de 2010

Le Parisien: edição de hoje tem download livre

Por conta da adesão de seus distribuidores à greve contra a reforma da aposentadoria na França, o jornal Le Parisien disponibilizou, excepcionalmente, a edição de hoje na íntegra para download. Para obter seu exemplar gratuitamente, clique no link abaixo:

Télécharger Le Parisien

22 de setembro de 2010

A imagem do dia

A foto acima começou a circular esta tarde nos sites dos principais jornais franceses. Ela retrata a deputada italiana Licia Ronzulli durante a sessão plenária de hoje do Parlamento Europeu, em Strasbourg. Ela foi aplaudida pelos seus colegas ao aparecer com seu bebê de apenas um mês, momentos antes de reivindicar melhoria dos direitos trabalhistas para as mulheres. A foto é de Vincent Kessler para a agência Reuters.

Metrô Abbesses

Quem me conhece sabe que sou um entusiasta do metrô de Paris. Uma das estações que mais me atraem na cidade é Abbesses, da linha 12 do metrô. E se você acha que estação de metrô ‘é tudo igual’, vou te contar por que acho que estações como Abbesses estão longe de ser apenas mais uma entre as outras.

Para começar Abbeses é a mais profunda de todas as estações de metrô da cidade. Suas plataformas estão firmemente plantadas a 36 metros abaixo do nível da rua. Devido a profundidade, as escadas de acesso às plataformas precisaram ser projetadas em forma de espiral para que a inclinação não fosse muito acentuada. Além da escada ‘escargot’, a estação também tem elevadores que interligam a bilheteria às suas plataformas.

A estação Abbesses foi inaugurada em 31 de outubro de 1912, mas vale mencionar que a bela edícula Guimard que ornamenta sua entrada foi permanentemente emprestada da estação Hôtel de Ville em 1974. Nem sempre a estação Abbesses foi operada pela RATP; em sua tenra idade ela fazia parte da malha da antiga Societé Nord-Sud que, diga-se de passagem, sempre foi contrária à instalação de edículas Guimard em suas estações. Curiosamente, hoje é impossível de imaginar Abbesses sem a sua edícula.

A bela edícula Guimard que enfeita o acesso a Abbesses (foto: Steve Cadman, 2007)

Apesar de não gostarem das edículas Guimard, para uma coisa eu tiro o chapéu para os engenheiros e arquitetos da Societé Nord-Sud: suas estações eram muito bem construídas. Caracterizavam-se, sobretudo, pelas plataformas amplas, bem elaboradas e com detalhes caprichados: os nomes das estações eram escritos com belos mosaicos em cerâmica, as paredes eram enfeitadas com afrescos típicos da companhia e o topo dos arcos dos túneis sempre indicavam a direção dos trens.

Assim é a área da bilheteria em Abbesses (foto: Pline, 2007).

Ao longo dos anos 50 diversas estações do metrô parisiense passaram por obras de renovação. Nessa ocasião Abbeses recebeu colunas de suspensão na forma de placas metálicas decorativas. Outro grande trabalho de restauração aconteceu entre 2006 e 2007 - dessa vez para devolver a Abbesses o estilo original de suas plataformas, aquele jeitão de estação da Nord-Sud.

Aqui uma vista das plataformas (foto: Ben Leto, 2008).

Além de bem projetada, Abbesses é também muito charmosa. Já virou cartoon no clip da canção Flowers de Émilie Simon, já foi homenageada com a música Abbesses da banda francesa Birdy Nem Nem e, se você puxar pela memória, vai se lembrar de que Abbesses é a estação do metrô da Amélie Poulain no filme Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain. Ah, e até pouco antes de sua conclusão, o filme tinha como título provisório Amélie des Abbesses. Até de inspiração para uma bolsa da Louis Vuitton, Abbesses já serviu.

E aqui uma rara imagem dos afrescos originais de Abbesses que se perderam ao longo de sucessivas reformas (Foto de Gérard Laurent para o site Paris Cool).

Abbesses tem um único acesso, localizado na Place des Abbesses, diante da casa de número 2 da rue de la Vieuville. Seu nome vem da própria Place des Abbesses, que faz referência à Abadia das Damas de Montmartre (Abbaye des Dames de Montmartre).

A estação é muito utilizada por turistas em suas visitas a Sacré-Coeur, a Place du Tertre, a igreja Saint-Jean-de-Montmartre... E também por outros usuários que, assim como eu, sentem-se mais vivos apenas por caminhar a esmo pelas ruazinhas que ficam ao redor da estação, tendo como única e nobre intenção massagear Paris nas costas enquanto caminham.

E então, Joãozinho? Ainda acha que estação de metrô ‘é tudo igual’?

Ilustração: Detalhe de ornamento da estacao Abbesses, by Paris in Color.

Paris em português

Esta manhã meu amigo Edmilson Siqueira me enviou uma notícia supimpa que foi publicada no Estadão de hoje.

Na matéria o correspondente do jornal O Estado de São Paulo em Paris, Andrei Netto, fala do trabalho de preparação de hotéis e lojas parisienses para a melhoria da acolhida dos turistas lusófonos que visitam a cidade. Esse empenho tem sido motivado principalmente pelo aumento do número de turistas brasileiros em Paris.

Além de faciliatar a vida dos turistas brasileiros e portugueses, que em sua maioiria não falam o francês, essa iniciativa também está abrindo as portas do mercado de trabalho para quem manda bem nos dois idiomas. Portanto, essa é uma boa notícia para brasileiros e portugueses, independente de estarem na cidade a passeio ou em busca de uma oportunidade de trabalho.

Para ler o artigo no jornal O Estado de São Paulo, clique no link abaixo:

OESP - Em Paris, hotéis e lojas já atendem em português

5 de setembro de 2010

Construindo castelos na Espanha

A expressão "bâtir des châteaux en Espagne" (construir castelos na Espanha) é muito comum na França e faz parte do vocabulário popular francês desde o século XVI. O termo é muito usado para designar sonhos impossíveis de serem realizados ou planos que nunca saem do papel. Quer um exemplo?

Então vamos imaginar o caso do... Joãozinho. Há anos ele fala do sonho de passar um mês inteirinho hospedado no Ritz Paris - e sempre arremata dizendo que assim que se hospedar vai passar um dia inteirinho de roupão e óculos escuros, bebendo champagne na sacada e apreciando o movimento na Place Vendôme. O problema é que o Joãozinho nunca economiza 1 centavo sequer - nem para visitar a tia Eulália em Osasco. Assim, os franceses diriam que ao alimentar esse sonho um tanto opulento e irreal, o Joãozinho está construindo castelos na Espanha. Ou ainda que a tal estadia no Ritz é o “château espagnol” do Joãozinho. Portanto, a expressão é usada em qualquer situação para se referir a planos ou sonhos irrealistas.

Acima, caricatura britânica de 1740 menciona a Espanha construindo castelos no ar.

Apesar de ao longo da historia os espanhóis terem efetivamente construído cerca de 10.000 castelos em seu território (e 2.500 deles existem até hoje), a expressão foi usada pela primeira vez pelo estadista, humanista, poeta e jurista francês Etienne Pasquier (1529-1615), que certa vez exprimiu o fato de ter passado dias nos campos espanhóis e não ter visto nenhum castelo - influente do jeito que era Pasquier, sua máxima pegou rapidinho, e até hoje andam dizendo que não existem castelos na Espanha.

Mas é claro que eles existem! O castelo da foto fica na Segovia - sim, Espanha.

E acabo de me lembrar de duas canções francesas nas quais você encontra referências ao uso da expressão: Rue de la Paix, de Zazie (Pour mettre un hôtel, rue de la paix. Un monde où tout le monde s'aimerait enfin. J'achète un château en Espagne. J'achète un monde où tout le monde gagne à la fin) e L’alcool de Serge Gainsbourg (Et dans les vapeurs de l'alcool, j'vois mes châteaux espagnols, mes haras et toutes mes duchesses).

Também é comum ouvir alguns franceses usarem como sinônimo para essa expressão "bâtir des plans sur la comète" (construir planos sobre um cometa).

Para desmistificar a lenda que deu origem à expressão, segue o link para o Castillos.net, um site bastante interessante que cataloga os castelos espanhóis.

Foto menor: cartaz do filme francês “Um château em Espagne”, de Isabelle Doval.