A catedral de Notre-Dame é um dos monumentos mais sublimes e suntuosos de Paris - indiscutivelmente. Basta dizer seu nome que automaticamente pensamos na cidade mais encantadora do mundo. Mas para mim, a rosácea-norte da catedral é um monumento a parte.
Há quem goste da lateral sul. Assim como existem os que preferem os imponentes arcobotantes a leste. A maioria gosta mesmo é da face oeste - a entrada da catedral. Eu, contrariando todas as expectativas, sou apaixonado pela face norte da Notre-Dame. Assim sendo, dedico este post à miseravelmente linda lateral norte e sua magnífica rosácea - o vitral mais espetacular já construído, na humilde opinião deste Joãozinho que vos escreve.
A face norte da Notre-Dame é formada por 3 níveis: o primeiro com uma porta, sobreposta por uma parede sem ornamentos. Na porta norte a Virgem há tempos perdeu seu bebê - e os parisienses acreditam que foi a esposa de Saint Louis, Marguerite de Provence, quem serviu de modelo para que o artista retratasse a Virgem. Em seu entorno, as cenas da infância de Cristo. Logo acima, o milagre de Teófilo.
O segundo nível é constituído por uma clarabóia guardada por 9 arcos. Enfim, um terceiro estágio formado pela rosácea (ma chérie rosace-nord). Localizada exatamente em oposição à rosácea-sul, a rosácea-norte conserva praticamente intactos todos os seus vitrais originais, feitos no século XIII. O centro do vitral é ocupado pela Virgem Maria, que tem ao seu redor os juízes, reis, grandes sacerdotes e profetas do Antigo Testamento.
Para quem vê de fora, a rosácea-norte parece um pouco apagada e difícil de ser observada em toda a sua magnitude, pois fica muito no alto para quem passa pela estreita rue du Cloître Notre-Dame. Mas quando se está dentro da catedral, ela é simplesmente enfartante. Basta que o sol passe através dela para que seus vitrais irrompam pela nave transversal com um espetáculo de luzes multicoloridas. A maioria das pessoas acha a face norte da catedral a mais sem graça de todas. Escura. Apagada. Alguns a acham até mesmo ameaçadora. Dizem por aqui que a lateral norte faz com que as pessoas se lembrem de que a catedral é feita de fria pedra e que tem dezenas de gárgulas e quimeras horrendas olhando para nós sem descanso. Pobrezinhos...
A torre norte é sim inquietante... Mesmo sendo mil vezes fotografada ela não se deixa domesticar. Sua encantadora selvageria ganha os céus de Paris nos afrontando em insolente esplendor. Aqui deste lado da Notre-Dame a pedra é mais cinzenta, mais intrigante - tem mais alma. E mesmo o sol não a torna mais acolhedora. Mas quanta beleza há por detrás desse semblante de solido enfrentamento...
Acho até que quando passo por ali, Quasimodo fica tentado a me saudar com um breve aceno. Mas antes que isso ocorra, escala apressado as paredes da catedral para ver o sol se pôr, sublime, onde o rio Sena faz a curva. E fico então só, agarrado ao gradil enquanto procuro inutilmente uma posição confortável na estreita mureta do calçamento, a contemplar sorridente a majestosa rosácea-norte enquanto a cidade ensaia seu anoitecer.
Acho até que quando passo por ali, Quasimodo fica tentado a me saudar com um breve aceno. Mas antes que isso ocorra, escala apressado as paredes da catedral para ver o sol se pôr, sublime, onde o rio Sena faz a curva. E fico então só, agarrado ao gradil enquanto procuro inutilmente uma posição confortável na estreita mureta do calçamento, a contemplar sorridente a majestosa rosácea-norte enquanto a cidade ensaia seu anoitecer.
Fotos: Gerard Therin (http://www.naturepixel.com/) e site oficial da catedral Notre-Dame de Paris.
Para saber mais: http://www.notredamedeparis.fr/
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