Jean-Marie Gustave Le Clézio, tido como um dos grandes mestres da literatura francesa da atualidade nasceu no dia 13 de abril de 1940 em Nice, sul da França. Seu estilo de escrita é considerado simples e clássico - mas a aparentemente simplicidade guarda em si traços de grande refinamento lingüístico.
Em 1963, logo na sua estréia como autor, recebeu com apenas 23 anos o Prêmio Renaudot pela obra Le Procès-Verbal. Até a década de 80, Le Clézio passava uma imagem de inovador e rebelde - imagem que acabou sendo modificada ao longo do tempo, conferindo ao autor uma impressão mais contida e ensimesmada que perdura até hoje. Tinha inicio então a jornada do grande escritor que se destacaria ao retratar com grande afeição as minorias étnicas espalhadas pelo mundo e sobre suas experiências pessoais de viagem. Mas não traduza esse 'lado intimista' do autor por 'contemplação plena': aqui na França Le Clésio é conhecido por ser inimigo feroz do modo de vida materialista ocidental.
Mas foi na última quinta-feira, que veio a consagração máxima de Le Clézio: o escritor francês recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 2008. Le Clézio é o 14º francês a receber esse prêmio. "Escritor da ruptura, da aventura poética e do êxtase sensual". "Um explorador da humanidade além e por baixo da civilização reinante". Foi assim que o texto do anúncio oficial da Academia Nobel na Suécia se referia a Le Clézio - que já era tido como favorito ao prêmio há alguns anos até, finalmente, ser agraciado com o prêmio. Ainda este ano o escritor já havia recebido, também na Suécia, o prêmio literário Stig Dagerman, cuja cerimônia de entrega está marcada para o próximo dia 25 em Estocolmo.
Sua obra, sempre diversificada, carrega em si as demonstrações recorrentes de sua pela paixão pelas viagens, relatos dos tempos exílio e um certo saudosismo das civilizações primitivas oriundas da América Latina, Oceania e África - as culturas desses povos, para Le Clézio, costumam aparecem em suas obras no contexto de paraísos perdidos. Desde muito jovem, o escritor viajou muito pelos EUA, Tailândia, Marrocos, Ilhas Mauricio e por toda a América Latina. Sempre se declarou um apaixonado pelo México e pelo Panamá. Com o passar dos anos, todo esse mundo de viagens e estudo das civilizações passaram a convergir em seus textos para uma exploração mais intimista da vida - através de lembranças da própria infância e de sua história familiar.
Le Clézio receberá em 10 de dezembro, durante a solenidade de entrega dos Prêmios Nobel, um cheque de 10 milhões de coroas suecas (no dinheiro de hoje, como diria meu avô, cerca de 3,4 milhões de Reais).
O escritor vive hoje em Albuquerque (Novo México, EUA) com a mulher e as duas filhas. Costuma vir com freqüência para o sul da França, onde alterna períodos de descanso e criação.
Obras de ficção: Le Procès-Verbal (1963), Le Jour où Beaumont fit connaissance avec sa douleur (1964), La Fièvre (1965), Le Déluge (1966), Terra Amata (1967), Le Livre des Fuites (1969), La Guerre (1970), Lullaby (1970), Les Géants (1973), Voyages de l'Autre Côté (1975), Mondo et Autres Histoires (1978), Désert (1980), La Rounde et Autres Faits Divers (1982), Le Chercheur d'Or (1985), Voyage à Rodrigues (1986), Printemps et Autres Saisons (1989), Onitsha (1991), Etoile Errante (1992), Pawana (1992), La Quarantaine (1995), Poisson d'Or (1997), Hazard (1999), Coeur Brûle et Autres Romances (2000), Révolutions (2003), Ourania (2005) e Ritournelle de la Faim (2008).
Obras publicadas no Brasil: O Africano (Onitsha), A Quarentena (La Quarantaine) e Peixe Dourado (Poisson d'Or).
Prêmios: Prêmio Renaudot por Le Procès-Verbal (1963), Prêmio Valery Larbaud (1972), Grande Prêmio de Literatura Paul-Morand da Academia Francesa por Désert (1980), Grande Prêmio Jean Giono (1997), Prêmio Prince-de-Monaco (1998), Prêmio Stig Dagerman (2008), Prêmio Nobel de Literatura (2008).
"Tenho a sensação de ser uma coisa pequena neste planeta, e a literatura me serve para expressar isso. Se me atrevesse a filosofar, diriam que sou um 'rousseauista', que não compreendi nada." - Jean-Marie Gustave Le Clézio
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