No dia 11 de novembro a França comemora um de seus feriados nacionais mais importantes: o Dia do Armistício, que celebra o fim da Primeira Guerra Mundial (WWI). Por não ser um feriado celebrado no Brasil, são poucos os brasileiros que conhecem o significado da data. Por isso achei interessante escrever um pouco sobre esse dia tão simbólico e marcante para os franceses.
Mas o que é o armistício?
Mas o que é o armistício?
O armistício é um tratado assinado por vários governos decretando o fim de hostilidades armadas em tempos de guerra - apesar de não ser a declaração oficial que põe fim a uma guerra. O dia de assinatura do armistício é considerado festa nacional em diversos países vencedores de um conflito armado - por esse motivo, na Alemanha não se celebra a data. Na WWI morreram aproximadamente 1,4 milhões de franceses - 10% da população masculina do país adulta à época. Esse mesmo numero também significa a morte de 50% dos trabalhadores rurais da França.
A ilustração do “l’aubum de la guerre” mostra os franceses na place de l’Opéra celebrando a retirada dos canhões alemães de Paris.
O armistício tem caráter definitivo de suspensão das hostilidades entre países em guerra, diferente do cessar-fogo, que é temporário. O procedimento para a assinatura do tratado é mais ou menos assim: um dos países em guerra pede o armistício ao outro. Em seguida são feitas várias reuniões para definir os termos do tratado - termos que, inclusive, devem impedir o retorno às armas. Quando essas nações entram em acordo, o armistício é então assinado pelos representantes dos governos envolvidos e endossado por suas autoridades militares. Por ser um acordo governamental, o armistício tem mais importância que a simples rendição militar. Por não colocar fim oficialmente à guerra, o armistício permite ao país solicitante reservar o vencido da humilhação. Mas dependendo dos termos acordados o armistício pode também ser um tanto humilhante, obrigando o vencido a ceder territórios ou cobrir despesas de reconstrução do país vencedor.
Por que 11 de novembro?
Porque às 11h00 do dia 11 de novembro de 1918, o armistício foi assinado em Rethondes, na floresta de Compiègne, pondo fim aos combates da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). No campo de batalha, relatos contam a alternância de cenas de emoção, felicidade e confraternização ao anúncio do cessar-fogo. As 16h00 do mesmo dia, no Palais Bourbon, Georges Clemenceau lê as condições do armistício, reintegra a Alsacia e a Lorena ao território francês (já que os termos do tratado obrigavam que a Alemanha devolvesse essas regiões à França) e rende homegens à Nação. Mas foram os antigos combatentes que instituíram a data como parte do calendário de celebrações nacionais.
O Soldado Desconhecido e a Chama da Lembrança
Nas comemorações de 11 de novembro de 1920, a França presta sua primeira homenagem ao Soldado Desconhecido. Morto na Primeira Guerra, ele tornou-se um representante anônimo dos combatentes. Cogitada em 1916, a idéia de honrar o Soldado Desconhecido tomou força em 1918 e em 1919 já haviam escolhido o Panthéon como local de sepultamento. Mas em 1920 uma campanha realizada por escritores franceses transfere o soldado para o Arco do Triunfo. Inicialmente ele foi sepultado em uma capela no primeiro andar, sendo transferido em 28 de janeiro de 1921 para o parvis sob o Arco, onde ele está até hoje. Na placa de granito, os dizeres: "Ici repose un soldat français mort pour la Patrie (1914-1918)".
Nas comemorações de 11 de novembro de 1920, a França presta sua primeira homenagem ao Soldado Desconhecido. Morto na Primeira Guerra, ele tornou-se um representante anônimo dos combatentes. Cogitada em 1916, a idéia de honrar o Soldado Desconhecido tomou força em 1918 e em 1919 já haviam escolhido o Panthéon como local de sepultamento. Mas em 1920 uma campanha realizada por escritores franceses transfere o soldado para o Arco do Triunfo. Inicialmente ele foi sepultado em uma capela no primeiro andar, sendo transferido em 28 de janeiro de 1921 para o parvis sob o Arco, onde ele está até hoje. Na placa de granito, os dizeres: "Ici repose un soldat français mort pour la Patrie (1914-1918)".
A tumba do Soldado Desconhecido e a Chama da Lembrança.
Já a Flamme du Souvenir (a Chama da Lembrança) que está acesa junto ao túmulo do Soldado Desconhecido foi acesa em 11 de novembro de 1923. O Comitê da Chama foi criado para garantir que as futuras gerações não se esqueçam dos horrores provocados pelas guerras e para prestar honras aos antigos combatentes e à memória dos mortos pela pátria. Um representante do Comitê da Chama é encarregado de reavivá-la todos os dias as 18h30.
Ao longo dos anos a Chama é reavivada nas tardes de sábado pelas associações de antigos combatentes em uma solenidade chamada Cérémonie du Ravivage de la Flamme, com a participação dos ex-combatentes, seus familiares e representantes da Legião Estrangeira. A cerimônia é emocionante e aberta ao público, e quem passar pela avenida Champs-Elysées nos finais de tarde dos sábados podem observar os ex-combatentes seguindo em cortejo para prestar honras ao Soldado Desconhecido e reavivar a Flamme du Souvenir.
Para saber mais acesse o site (em francês) Chemins de Mémoire.
Para consultar o calendário da solenidade de reavivamento da Chama da Lembrança: Cérémonie du Ravivage de la Flamme
Fontes: Jornal Le Figaro e site Chemins de Mémoire.
Fotos de Jacques Robert.
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